A LOUCURA DA CORRIDA ÀS ARMAS
2019-05-13
Manlio Dunicci, Il Manifesto/O Lado Oculto
Os Estados Unidos imprimem dólares em quantidades gigantescas para poderem ter gastos de guerra incomparáveis com os de quaisquer outras nações do mundo. E sete países da NATO asseguram, por sua conta, cerca de metade das despesas belicistas de todo o planeta.
As despesas militares mundiais ultrapassaram os 1,8 biliões de dólares em 2018, segundo o SIPRI – Stockholm International Peace Research Institut, o Instituto Internacional para os Estados da Paz de Estocolmo. Este valor representa um aumento de 76% em termos reais em 20 anos, desde 1998. Segundo estes cálculos, no mundo gastam-se 3,5 milhões de dólares por minuto com armas e forças armadas.
No primeiro lugar estão os Estados Unidos, com uma despesa de 649 mil milhões de dólares em 2018. Este valor diz respeito ao orçamento do Pentágono, incluindo as operações de guerra no estrangeiro, mas não o total das despesas militares norte-americanas. A esse número juntam-se as despesas com outras instituições de carácter militar. O Departamento dos Antigos Combatentes, que se relaciona com os militares na reserva, teve em 2018 um orçamento de 180 mil milhões de dólares.
A comunidade de informações e espionagem, constituída por 17 agências (entre as quais a CIA é a mais conhecida), declara um orçamento de 81500 milhões de dólares, que não é mais do que a ponta do icebergue da despesa real com as operações secretas.
O Departamento para a Segurança da Pátria gastou 70 mil milhões de dólares em 2018, sobretudo “para proteger com os serviços secretos a nossa infraestrutura financeira e os nossos dirigentes de mais alto nível”.
O Departamento da Energia despendeu 14 mil milhões de dólares, sendo que metade do orçamento se destina à manutenção e modernização do arsenal nuclear.
Tento em conta estas rubricas e mais algumas outras, a despesa militar dos Estados Unidos elevou-se, em 2018, a cerca de um bilião de dólares (mil milhares de milhões). Este valor equivale a três mil dólares por cada habitante dos Estados Unidos. As despesas militares são a principal causa do défice federal, que subiu até um bilião de dólares e está em crescimento acelerado. Juntamente com outros factores, faz inchar a dívida pública norte-americana, que já ultrapassou em 2019 os 22 biliões de dólares, com juros anuais de 390 mil milhões, os quais duplicarão em 2025.
Este sistema é possível graças à hegemonia do dólar, cujo valor é determinado não pela real capacidade económica norte-americana mas pelo facto de constituir a principal moeda de reserva de divisas e dos preços internacionais das matérias primas. Isto permite à Reserva Federal (que funciona como banco central) imprimir biliões de dólares com os quais é financiada a colossal dívida pública dos Estados Unidos, através de obrigações e outros títulos emitidos pelo Tesouro.
A NATO responde por mais de metade
A China, a Rússia e outros países põem em causa a hegemonia do dólar e, com ela, a ordem económica e política dominada pelo Ocidente; um sistema através do qual os Estados Unidos apostam cada vez mais na carta da guerra, investindo 25% do orçamento federal na máquina belicista mais dispendiosa do mundo.
As despesas militares dos Estados Unidos têm um efeito de locomotiva sobre as dos outros países, os quais, no entanto, estão em níveis bastante inferiores. Segundo o SIPRI, os gastos da China foram calculados em 250 mil milhões de dólares em 2018, embora o número oficial fornecido por Pequim seja de 175 mil milhões. A despesa da Rússia foi calculada em 61 mil milhões de dólares, mais de dez vezes inferior à dos Estados Unidos (e tendo em conta apenas o orçamento declarado do Pentágono). De acordo com os mesmos cálculos, sete países da NATO – Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Canadá e Turquia – representam cerca de metade dos gastos militares mundiais.
A despesa militar italiana, que em 2018 subiu ao 13º lugar do ranking mundial, foi avaliada pelo SIPRI em 27800 milhões de dólares. Deste modo, fica substancialmente confirmado por esta estimativa, que inclui outros sectores além do orçamento da Defesa, que os gastos militares italianos atingem os 25 mil milhões de euros anuais – e continuam em crescimento.
Isto significa que durante um ano se gasta já hoje, para fins militares, o equivalente (segundo as previsões) a quatro anos do rendimento de cidadania. Na esteira dos Estados Unidos, foi decidido um relevante aumento ulterior. O mais forte “rendimento de cidadania” é, de agora em diante, o da guerra.