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Estabeleceu-se um "cessar-fogo" nesta suposta “guerra entre o Hamas e Israel”, como afirma a comunicação social corporativa. É o habitual jogo de enganos que visa partilhar equitativamente responsabilidades numa situação de incomensurável desequilíbrio de forças e que pretende colocar no mesmo plano os criminosos e as vítimas. O que está a acontecer não é uma guerra, é um massacre de uma das partes; e o único cessar-fogo possível e credível para a situação é o reconhecimento dos direitos do povo palestiniano estabelecidos nas leis internacionais. Tudo o resto significa o arrastamento da situação e o extermínio de um povo. Interrompeu-se uma fase de chacina extrema por parte de Israel mas prossegue o massacre paulatino de povo palestiniano até novo auge ofensivo contra Gaza ou qualquer outro território ocupado da Palestina.
Israel está a cometer mais um acto de apogeu da chacina a que tem vindo a submeter impunemente a população da Faixa de Gaza – e da Palestina em geral – durante as últimas décadas. Os alvos não são “os túneis do Hamas”, como informa o regime sionista, mas dois milhões de pessoas que vivem enclausuradas num imenso campo de concentração do qual não podem escapar. Não se trata de um “confronto”: é uma barbárie. Algumas notas sobre o que está a passar-se.
Há aspectos em que a Organização do Tratado do Atlântico Norte ou NATO é uma aliança militar apenas na designação. O conflito de intensidade crescente que tem vindo a desenvolver-se nas águas do Mediterrâneo Oriental devido aos recursos energéticos entretanto descobertos e à indeterminação de várias Zonas Económicas Exclusivas (ZEE) revela que a união militar entre diferentes países ocidentais pode vacilar perante circunstâncias deste tipo.
Benjamin Netanyahu, o aparentemente eterno primeiro ministro de Israel, agora geminado com um dos carrascos de Gaza, Benny Gantz de sua graça, vem anunciando que a partir do início do próximo mês dará os passos governamentais, parlamentares e militares que considera necessários para anexar o Vale do Jordão, no território palestiniano da Cisjordânia. Além disso, tenciona integrar no Estado de Israel os colonatos construídos ilegalmente no mesmo território durante os últimos 60 anos. Estes movimentos representam, de facto, a extinção da chamada “solução de dois Estados” na Palestina histórica, estabelecida em 1948 pelas Nações Unidas e reactivada durante os passados anos noventa. Os criminosos não escondem o crime, os avisos estão feitos: ninguém poderá dizer que será apanhado de surpresa.
Em 2012, a ONU publicou um relatório prevendo que em 2020 a Faixa de Gaza, na Palestina, seria um território humanamente inabitável se não fossem tomadas medidas para contrariar a situação. Tudo o que aconteceu desde então foi a deterioração das condições que existiam, agravadas pelos massacres militares cometidos regularmente por Israel. Chegou o ano de 2020: Gaza é, portanto, um território inabitável. E, contudo, quase dois milhões de pessoas tentam sobreviver nessa terra transformada num imenso campo de concentração. O mundo assiste, indiferente, a um lento e deliberado extermínio em massa.
O secretário-geral do Hezbollah prometeu e cumpriu: uma semana depois de Israel ter morto dois técnicos do grupo num ataque contra a Síria e de ter atacado os arredores de Beirute chegou a anunciada represália. Os mísseis disparados pela organização de resistência libanesa não se limitaram a liquidar o alvo e a obrigar o exército de Israel a recuar e a abandonar uma base militar no norte do país; puseram termo a uma escalada de violência ao nível de 2006 e demonstraram uma nova capacidade do movimento libanês para por Israel em respeito e atingir qualquer região deste país. A notícia não correu mundo, mas a relação de forças está diferente: o potencial balístico do Hezbollah revela um caminho para a paridade táctica com o Estado sionista.
A operação para impor uma “solução final” do problema palestiniano dirigida pelos Estados Unidos, Israel e Arábia Saudita está a adquirir uma envergadura que escapa à comunicação mainstream – o que não acontece por acaso – e também às mais importantes instâncias internacionais, sobretudo à ONU.
O que está em curso há mais de setenta anos contra o povo palestiniano é um genocídio. Bárbaro. Impune. Ignorado. Branqueado por uma “comunidade internacional” que repudia o próprio direito pelo qual deveria guiar-se; e por uma comunicação social vesga e totalitária que tomou conscientemente o partido dos genocidas, pelo que chega ao comportamento perverso de acusar as vítimas de práticas terroristas.
Os Estados Unidos colocaram o porta-aviões Abraham Lincoln e o respectivo grupo de combate na área de intervenção do Médio Oriente. John Bolton, o fascista que chefia o Conselho Nacional de Segurança, explicou esse movimento de uma forma suficientemente vaga para nela caber um pretexto, por mais absurdo que seja, para atacar militarmente o Irão. Em causa estão, para Bolton, actos atribuíveis não apenas a tropas regulares do Irão, à Guarda Revolucionária ou ainda a qualquer milícia xiita do Líbano ao Iémen. A equipa de sociopatas da administração Trump está cada vez mais à solta e sem limites.
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