CIMEIRA DE ESPIÕES ENTRE ISRAEL E QATAR

2020-03-06
Edward Barnes, Damasco; Exclusivo O Lado Oculto
O primeiro-ministro israelita em funções enviou discretamente o chefe do Mossad para se encontrar com o seu homólogo do Qatar, em Doha.
A informação foi divulgada pelo ex-ministro da Defesa e dos Negócios Estrangeiros de Israel, Avigdor Lieberman, dissidente do bloco de Benjamin Netanyahu. Esta iniciativa demonstra que são cada vez mais profundos e ao mais alto nível, em detrimento dos direitos dos palestinianos, os encontros entre responsáveis de Israel e das petroditaduras árabes do Golfo.
A visita ocorreu em 5 de Fevereiro. O chefe do Mossad, Yossi Cohen, foi acompanhado pelo comandante da Frente Sul, Herzl Halevi, e avistou-se com o chefe dos serviços secretos do Qatar, Mohammed Bin Ahmed Al-Misnad.
Em cima da mesa estiveram assuntos relacionados com os interesses palestinianos, abordados à revelia destes entre um país árabe e o maior inimigo do povo palestiniano.
Este tipo de contactos e a este nível permite que Israel acabe por tutelar a gestão palestiniana em Gaza, uma vez que é o Qatar quem paga os salários do aparelho público no território, nas mãos do Hamas. Via Qatar há um controlo directo de Israel sobre o grupo islamita.
O Irão, entretanto, exerce influência sobre outro grupo activo na Faixa de Gaza, a Jihad Islâmica.
As tensões internas entre o Hamas e a Jihad Islâmica acentuaram-se ao mesmo tempo que se agravou o contencioso entre o Qatar e o Irão: o drone norte-americano através do qual Donald Trump assassinou o general iraniano Qasem Soleimani atravessou território qatari.
Um dos temas seguramente abordados em Doha pelos dois espiões chefes de Israel e do Qatar foi o isolamento e a repressão sobre a Jihad Islâmica, salvaguardando o Hamas – que tem os seus escritórios externos em Doha.
Um pouco mais de duas semanas depois do encontro, a aviação israelita bombardeou território sírio alegadamente para atingir instalações da Jihad Islâmica, operação que provocou seis mortos.