O LADO OCULTO - Jornal Digital de Informação Internacional | Director: José Goulão

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“PACIENTE ZERO” DEVE PROCURAR-SE NOS ESTADOS UNIDOS

2020-03-14

As variedades do novo coronavírus (COVID-19) detectadas na China, em Itália, no Irão, em Taiwan, na Coreia, na Alemanha e em outros lugares são diferentes, todas derivadas de um “tronco original”. Esse “tronco original” foi encontrado unicamente nos Estados Unidos depois de terem sido identificadas todas as variedades e mutações do vírus através da análise de quase cem amostras do genoma colectadas em 12 países de quatro continentes. Por estas circunstâncias torna-se difícil encontrar o “paciente zero” da pandemia, que não está certamente entre os casos que foram descobertos no mercado de frutos do mar em Wuhan, China, em 31 de Dezembro de 2019. Deverá antes ser procurado em território norte-americano mas, aí chegados, o assunto torna-se tabu: trata-se de “um vírus estrangeiro”, sentenciou o presidente dos Estados Unidos cortando cerce o direito à procura de outra verdade.

Larry Romanoff*, Xangai; Global Research/Adaptação O Lado Oculto.

Cientistas chineses – da China Continental e de Taiwan – e japoneses concluíram, em trabalhos separados, que existem diferentes variedades e mutações do novo coronavírus, inclinando-se para a conclusão de que todas elas apenas estão presentes nos Estados Unidos, país onde deve procurar-se o verdadeiro “paciente zero” da pandemia em curso. Salienta o virologista e farmacologista de Taiwan que a localização geográfica com maior diversidade de linhagens do novo coronavírus é certamente a fonte original, porque “um derivado não surge do nada”. E essa localização geográfica é o território norte-americano.

Autoridades médicas chinesas colectaram quase cem amostras do genoma do vírus em 12 países de quatro continentes, identificando todas as variedades e mutações. Os resultados levam-nas a concluir que o surto actual na China começou não em 31 de Dezembro de 2019 no mercado de frutos do mar de Wuhan mas, provavelmente, em Novembro, logo a seguir aos Jogos Mundiais Militares realizados nesta cidade de 18 a 29 de Outubro e nos quais participaram delegações de todo o mundo.

Em 23 de Fevereiro, o Diário do Povo, de Pequim, admitiu que “talvez os membros da delegação norte-americana (aos jogos) tenham trazido o vírus para Wuhan e tenham ocorrido algumas mutações, tornando-o mais mortal e contagioso”.

A cadeia de televisão japonesa Asahi, entretanto, deu conta de um relatório científico nipónico que, de forma autónoma, afasta igualmente a hipótese de o início ter sido em Wuhan, colocando-o antes nos Estados Unidos. O estudo defende que algumas das 14 mil mortes de cidadãos norte-americanos atribuídas à gripe comum resultaram, de facto, de infecção pelo novo coronavírus.

E em 26 de Fevereiro a televisão norte-americana KJCT8 News Network, da cadeia ABC News, contou o caso específico da cidadã Almeta Stone de Montrose, Colorado, cuja irmã teria falecido de gripe comum, segundo informação da equipa médica. Porém, disse, “quando recebi o atestado de óbito havia coronavírus na causa da morte”.

De facto, o Centro de Prevenção e Controlo de Doenças dos Estados Unidos (CDC) acaba de reconhecer perante a Comissão de Supervisão da Câmara dos Representantes que houve mortes inicialmente atribuídas a gripe comum que foram realmente provocadas por coronavírus, conclusão apurada depois de exames patogénicos póstumos.

A árvore e os ramos

É ponto assente que cientistas da China Continental, de Taiwan e do Japão concluíram de forma separada que os Estados Unidos são o único país onde existem as cinco variedades conhecidas do novo coronavírus, formando a árvore de onde todos descendem. Países como a China, Tailândia, Coreia do Sul, Vietname, Singapura, Reino Unido, Bélgica ou Alemanha têm apenas uma espécie. E não é, em todos os casos, a mesma variedade. A da Coreia do Sul e de Taiwan é diferente da detectada na China, mais infecciosa mas menos mortal. As do Irão e de Itália também são diferentes das outras e entre si, o que significa que tiveram origem noutras fontes. A de Itália tem uma taxa de mortalidade idêntica à da China, mas o caso do Irão é o mais mortífero de todos.

Ainda a propósito destas diferenciações, o virologista taiwanês cita o caso de um grupo de japoneses que viajaram para o Hawai em Setembro de 2019 e que regressaram infectados ao seu país sem nunca terem estado na China.

O mesmo cientista dá conta de que antes disso, em Agosto, os Estados Unidos sofreram uma onda de “infecções pulmonares” que os médicos atribuíram ao uso de cigarros electrónicos.

O caso do laboratório encerrado

                                  

                               New Yotk Times, 8 de Agosto de 2019, noticiando o encerramento do maior laboratório militar

Imediatamente a seguir, como noticiou o New York Times em 8 de Agosto de 2019, o CDC ordenou o encerramento imediato e total do principal laboratório das Forças Armadas dos Estados Unidos, em Fort Detrick, Maryland, por não ser suficientemente imune à fuga de agentes patogénicos produzidos no âmbito da guerra bacteriológica.

Um artigo publicado na comunicação social chinesa revelou, entretanto, que cinco membros de uma “delegação estrangeira” participante nos Jogos Mundiais Militares em Wuhan, na segunda quinzena de Outubro, foram hospitalizados com uma infecção de origem indeterminada.

De acordo com o mesmo artigo, se alguns membros da delegação dos Estados Unidos foram infectados por uma fuga acidental em Fort Detrick é possível que, levando em conta o longo período de incubação, tenham percorrido a cidade de Wuhan potencialmente contagiando muitas pessoas, incluindo frequentadores do mercado de frutos do mar.

Daniel Lucey, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Georgetown, em Washington, defende num artigo publicado pela revista Science a tese de que a primeira infecção humana confirmada ocorreu em Novembro de 2019, sugerindo que o vírus foi originado noutro lugar que não Wuhan. Em sua opinião, a origem do surto pode situar-se em 18 de Setembro de 2019.

Lucey escreve que “como os casos confirmados de um novo vírus surgem em todo o mundo a uma velocidade preocupante, todos os olhos se concentraram, até agora, no mercado de frutos do mar em Wuhan, China, como origem do surto. Porém, a descrição dos primeiros casos clínicos publicados no The Lancet desafia essa hipótese”. 

Os primeiros pacientes

O artigo em The Lancet é da autoria de um vasto grupo de investigadores chineses de várias instituições e associa dados relacionados com os primeiros 41 pacientes hospitalizados com infecções atribuídas ao novo coronavírus.

O primeiro paciente adoeceu em 1 de Dezembro de 2019 e não teve qualquer vínculo relatado com o mercado de frutos do mar. “Não foi encontrado vínculo epidemiológico entre o primeiro paciente e casos posteriores”, escrevem os cientistas. Os seus dados demonstram igualmente que 13 dos 41 casos não tiveram ligações com o mercado. "Treze sem vínculo ao mercado é um número significativo”, comenta Daniel Lucey.

Este especialista em doenças infecciosas considera que “se os novos dados são rigorosos, as primeiras infecções humanas devem ter acontecido em Novembro – ou ainda antes. Neste caso o vírus espalhou-se silenciosamente entre as pessoas de Wuhan, e de outros lugares, antes de se ser descoberta a numerosa contaminação entre os frequentadores do mercado”.

Kristian Andersen, bióloga do Scripps Research Institute, nos Estados Unidos, analisou as sequências do 2019-nCoV (ou COVID-19) para tentar esclarecer a sua origem. E concluiu que é “inteiramente plausível” o cenário de várias pessoas terem levado o vírus para o mercado de frutos do mar antes de ser detectado a partir daí.

Anderson publicou a sua análise a partir de 27 genomas disponíveis do novo coronavírus em 25 de Janeiro. Sugere que têm um “ancestral comum”, uma fonte que situa “em 1 de Outubro de 2019”.

Comedores de morcegos…

É importante notar que, segundo Daniel Lucey, situação análoga existiu com o MERS (Middle East Respiratory Syndrome, Síndrome Respiratória do Médio Oriente) de 2012. Foi detectado como sendo originário de um paciente da Arábia Saudita, em Junho desse ano, mas estudos posteriores mais pormenorizados rastrearam-no até um inexplicável surto hospitalar de pneumonia em Abril desse ano na Jordânia. Lucey sublinha que esta conclusão foi possível através da detecção do vírus MERS em amostras armazenadas de pessoas que faleceram no hospital jordano.

Por razões como esta deve haver muito cuidado na aceitação das “narrativas oficiais” que a comunicação social corporativa está sempre ansiosa por estabelecer, como aconteceu com o MERS, o SARS (Síndrome Respiratória Aguda Severa, 2003) e o ZIKA, decorrente de picada de um mosquito. Todas as “narrativas oficiais” sobre as suas origens vieram a comprovar-se erradas.

No caso do COVID-19 devemos lembrar-nos que durante semanas os media ocidentais inundaram as suas páginas e antenas com a versão de que foi originado no mercado de frutos do mar de Wuhan por pessoas que comem morcegos e outras espécies pouco recomendáveis para a “cultura ocidental”. Tudo isso está errado.

Não só o vírus não se originou no mercado de frutos do mar, como não nasceu em Wuhan; agora está provado que não se iniciou sequer na China, mas viajou de outro país para a China. Parte da prova desta afirmação está no facto de, uma vez sequenciadas as variedades genómicas do vírus no Irão e em Itália, se ter apurado que não são iguais à que infectou a China e, por definição, tiveram origem noutros lugares.

Parece que a única possibilidade de encontrar o “paciente zero” está nos Estados Unidos porque é o único país onde foram referenciadas todas as variedades, portanto “o tronco da árvore”. Por esta razão não pode descartar-se a possibilidade de a fonte original do COVID-19 ser o laboratório militar de guerra biológica de Fort Detrick, tanto mais que o CDC o encerrou por completo no início de Agosto de 2019. E também porque entre 2005 e 2012 foram registados 1059 casos em que organismos patogénicos foram roubados ou escaparam de laboratórios biológicos norte-americanos durante os dez anos precedentes – uma média de três por dia.

*Consultor, empresário, professor convidado da Universidade de Fudan, em Xangai, onde lecciona assuntos internacionais a classes seniores de EMBA



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