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FRANQUISMO ESTÁ DE VOLTA À ANDALUZIA

Franquismo em trajes civis

2019-01-15

Pilar Camacho, Sevilha

O franquismo regressa ao poder na Andaluzia, através uma coligação de sectores da extrema-direita na qual se integram o Partido Popular, Ciudadanos e os assumidamente fascistas Vox. Patrocinada por financiadores do terrorismo iraniano, a coligação demonstra como se harmonizam áreas neoliberais aparentemente diferenciadas como a ortodoxa (Ciudadanos e PP) e o fascismo (Vox).

Esta associação entre correntes saídas do franquismo termina com 36 anos de governo autonómico andaluz desempenhado pelo PSOE. Ciudadanos e PP – que contribuiu com dirigentes e militantes para a formação e reforço de Vox – cederam à maior parte das reivindicações da extrema-direita fascista em áreas que vão desde a repressão da imigração até à tauromaquia. A única exigência de relevo que, por enquanto, ficou pelo caminho é a do fim do financiamento do programa de apoio às mulheres vítimas de violência. Santiago Abascal, o caudilho de Vox, saudou a entrada no governo afirmando que “hoje as leis liberticidas, a imigração ilegal e a corrupção perderam”.
Vox é um dos grupos integrado no programa de coordenação do neofascismo e do populismo europeus sob a égide do estratego das campanhas de Trump e Bolsonaro, o norte-americano Steve Bannon. Neste momento essa acção orienta-se para as próximas eleições europeias, nas quais o objectivo é conseguir um grupo que represente um terço do Parlamento Europeu, cerca de 250 deputados.
Dos parceiros de coligação de Vox, o Partido Popular integra o Partido Popular Europeu, onde estão a CDU de Merckel, O CDS e o PSD; e Ciudadanos é aliado do En Marche de Emmanuel Macron. No essencial, a coligação governamental andaluza traduz as tendências políticas dominantes que tentam continuar a impor o sistema económico neoliberal. Uma tendência onde ganha presença cada vez mais visível o mito da “nova política” contra velhos hábitos e instituições e que pretensamente abrirá caminho para mais transparência e o combate à corrupção.

A mão do terrorismo iraniano

Vox, que obteve 11% nas recentes eleições andaluzas, não é um grupo que tenha nascido há dias. Já esteve presente nas eleições europeias de 2014 nas quais, segundo o diário espanhol El País, terá sido financiado pelo Chamado Conselho Nacional de Resistência Iraniano através de alguns milionários exilados em países como Suíça, Itália, Alemanha, Estados Unidos e Canadá.
Cerca de 800 mil dólares do milhão de dólares orçamentado para a campanha das europeias de 2014 terão sido encaminhados para o Vox por aquela organização dita de “oposição” iraniana e cujo braço armado – do qual diz ter-se distanciado – são os chamados Mujahidin do Povo, uma entidade terrorista que tem vindo a ser branqueada, nos últimos anos, por vários países europeus e pela própria União Europeia. Dirigentes do Vox participam em acções promocionais daquele “Conselho”, a par de elementos de outras correntes de direita e mesmo de áreas social-democratas. Entre os principais apoiantes deste sector terrorista iraniano – ao qual foi atribuída a tarefa, em 2002, de divulgar o pretenso “programa nuclear secreto” de Teerão – esteve o senador norte-americano John McCain e está o advogado de Trump e ex-governador de Nova York, Rudolph Giuliani. McCain, recentemente falecido, assegurava a ponte entre o establishment norte-americano e a teia terrorista que tem sido utilizada como braço informal da NATO e na qual pontificam a al-Qaida e o Estado Islâmico ou Daesh.



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