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A Declaração Universal dos Direitos Humanos parece uma longínqua referência e as violações em massa são paralelas à expansão do vírus da COVID-19. O presidente Trump humilha a Organização Mundial de Saúde, ameaça-a e desqualifica-a enquanto os outros órgãos da ONU empalidecem para evitar ficar contagiados com o mesmo mal que a atinge: o desprezo dos mais poderosos. Milhões de seres humanos anseiam por água, comida, tecto e saúde. Na educação, enormes massas de jovens entram em deserção por falta de conectividade, os empregos estáveis caíram em areias movediças, a precariedade e a informalidade laboral atingem números aterradores. A maquilhagem das informações económicas de êxito e associadas a supostas escalas de igualdade social extingue-se perante a realidade desigual que o vírus destapou.
Completaram-se 75 anos sobre a derrota militar do nazi-fascismo. Então, as chamadas democracias liberais juntaram-se às “democracias iliberais” em redor da agenda de comemorações estabelecida por estas e que apaga da História o decisivo contributo da União Soviética para a vitória – ditando assim a segunda morte das mais 26 milhões pessoas sacrificadas neste país para que ela fosse possível. Não foi uma celebração, foi uma vingança.
Com pouco mais de um terço dos deputados no Parlamento, o “eterno” primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, driblou o ex-chefe da oposição como se fosse um simples amador e avança para um governo de maioria no qual assegurou poderes para designar os juízes que o deveriam julgar por corrupção. E, sobretudo, garantiu condições para iniciar a anexação da Cisjordânia, o maior assalto dos últimos tempos contra os palestinianos e o direito internacional, com as costas protegidas por Donald Trump
A guerra comercial contra a China, o isolamento económico crescente dos Estados Unidos, os recursos astronómicos desviados da economia para guerras infindáveis como a do Afeganistão, a ocupação do Iraque, a desestabilização da Líbia e outras, as lentas mas inexoráveis consequências da delapidação da Natureza e dos seus recursos, o empobrecimento das classes médias ocidentais, a destruição dos sistemas de segurança social e de saúde dos países europeus e latino-americanos pelas políticas de austeridade, a especulação financeira e imobiliária dos últimos anos, criaram um palco propício ao desencadear de uma crise económica de grande magnitude ao menor abalo.
Uma Carta Aberta recentemente publicada pelo “Público” e subscrita por mais de trezentas pessoas e dezenas de organizações locais vem alertar para o desproporcionado perigo de vida a que as políticas governamentais têm exposto as comunidades negra, cigana e as pessoas mais pobres e vulneráveis; estas pessoas – “são as invisíveis do sistema: sem documentos, sem casa ou habitação digna ou que estão confinadas em prisões, centros educativos, de detenção e de acolhimento. São também quem trabalha sem contrato e quem não tem meios para trabalhar e estudar à distância”.
A União Europeia, que continua a ser incapaz de estabelecer uma política humanitária comum para combater a pandemia de COVID-19, chegou a um acordo quanto ao envio de uma força naval de guerra para as águas da Líbia, alegadamente para reforçar o embargo da ONU ao tráfico de armas para as forças envolvidas na guerra em curso no país. A história, porém, não se cinge à versão oficial: trata-se de combater os refugiados.
A crise económica mundial aprofunda-se a um ritmo tão vertiginoso como a pandemia. A redução da taxa de crescimento e a travagem brusca do aparelho produtivo da China já ficaram para trás. Agora desmoronou-se o preço do petróleo, desabaram as bolsas e instalou-se o pânico no mundo financeiro.
O exército da Grécia começou a fortificar a fronteira terrestre com a Turquia construindo muros de betão e trincheiras para impedir a entrada de refugiados. A União Europeia continua assim a adoptar a política de fortificação contra as vítimas das guerras que provoca e apoia.
Turquia e União Europeia continuam a disputar um desumano jogo de ping-pong usando os refugiados provocados por guerras apoiadas tanto por Ancara como por Bruxelas. Outra vítima das circunstâncias é a Grécia, abandonada à sua sorte de ser obrigada a conjugar a austeridade, as punições financeiras internacionais e o facto de ser “armazém” de refugiados que o resto da União se recusa a acolher.
Os cientistas chineses identificaram numa semana a sequência do genoma do coronavírus detectado na China, colocaram imediatamente os dados ao dispôr da comunidade científica planetária e abriram caminho à elaboração da vacina. É um feito histórico: as instâncias científicas norte-americanas demoraram dois meses e meio a obter os conhecimentos equivalentes sobre o ébola. Entretanto, em Wuhan – região com 56 milhões de pessoas – trava-se uma “guerra popular”, em grande parte com suporte voluntário, para conter a disseminação do vírus e cuidar dos infectados. É uma realidade mal conhecida: enquanto isso, os media corporativos desdobram-se em insinuações de guerra fria sobre a “ameaça chinesa”, dando origem à multiplicação de casos de xenofobia contra cidadãos orientais.
A história dos últimos 30 anos nos Balcãs, especialmente envolvendo os territórios da antiga Jugoslávia, está repleta de narrativas falsas sobre episódios de guerra que conseguem sobreviver às reposições da verdade alcançadas através de investigações internacionais digna de crédito. Por detrás da falsificação da história, da imposição da doutrina do absurdo e de uma justiça corrompida está a mesma entidade que as forjou para fazer vingar os seus interesses políticos, militares e geoestratégicos: a NATO.
Instituições vocacionadas para a protecção de dados e a luta contra os atentados à privacidade têm vindo a chamar a atenção da União Europeia para a utilização cada vez mais comum das novas tecnologias de reconhecimento facial num quadro de insuficiência legal. Em causa estão o respeito por direitos humanos básicos, pela dignidade e a privacidade dos cidadãos; além de se abrirem, desse modo, novas portas para perseguições arbitrárias, discriminação xenófoba e reforço da pressão sobre refugiados e imigrantes.
O reforço da Informação Independente como antídoto para a propaganda global.
Bastam 50 cêntimos, o preço de um café, 1 euro, 5 euros, 10 euros…