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TRUMP QUER DIREITOS EXCLUSIVOS DA VACINA DO COVID-19

2020-03-16

Lourdes Hubermann, Berlim; Exclusivo O Lado Oculto

Membros do governo e deputados da Alemanha manifestaram indignação com a diligência feita pelo presidente norte-americano oferecendo mil milhões de dólares a uma empresa alemã para obter os direitos exclusivos para os Estados Unidos de uma eventual vacina contra o coronavírus que esteja a ser desenvolvida.

Trump “quer a vacina apenas para os Estados Unidos”, disse uma fonte do governo alemão ao jornal Welt am Sonntag, edição dominical do Die Welt. 

“A Alemanha não está à venda”, comentou, a propósito, o ministro alemão da Economia, Peter Altmeier.

As informações começaram a circular nas páginas do jornal Die Welt. Segundo o diário, Trump deseja que os Estados Unidos controlem não apenas uma nova vacina; pretende que esta venha a estar disponível apenas com fins lucrativos. A Casa Branca tem feito saber que, uma vez disponível, uma vacina contra o coronavírus (COVID-19) será paga, pelo que não estará ao alcance de todos os cidadãos norte-americanos.

“Desejávamos garantir que a vacina se tornasse acessível a todos, mas não podemos controlar o preço porque necessitamos que o sector privado invista”, declarou o secretário da Saúde e Assuntos Humanitários da administração Trump, Alex Azar, numa audiência no Congresso.

Segundo as informações tornadas públicas pelo Die Welt, o presidente norte-americano ofereceu mil milhões de dólares à empresa alemã de capital fechado CureVac para reservar aos Estados Unidos os direitos sobre uma eventual vacina, além de transferir a sua investigação para este país.

O governo alemão confirma que essa oferta foi efectivamente apresentada e pretende realizar uma reunião de crise que envolva a CureVac, com sede em Tubingen, na Alemanha, e escritórios também em Boston, nos Estados Unidos. A posição oficial do governo alemão é a de que nenhum país deverá ter o monopólio de qualquer futura vacina.

Christof Hettich, chefe-executivo da principal investidora na empresa CureVac, disse ao jornal alemão Mannheimer Morgen que não existem planos para que alguma nação adquira direitos exclusivos sobre uma futura vacina do COVID-19.

A CureVac tenciona ter uma vacina experimental em Junho ou Julho, necessitando depois da autorização dos reguladores para iniciar testes em seres humanos.

Procura de medicamento cubano

Está em curso uma verdadeira corrida à produção de uma vacina contra o coronavírus. Entretanto, a experiência que tem sido divulgada por responsáveis chineses revela que, até agora, o medicamento com melhores resultados no combate à epidemia no seu país é o antiviral PEH-Heberon, o Interferon Alfa 2B Rec de patente e fabrico cubanos. Este medicamento é produzido desde 25 de Janeiro também na China pela empresa Chang-Heber, no quadro de uma cooperação cubana e chinesa.

De acordo com fontes oficiais cubanas, a procura de interferon tem sido exponencial desde a explosão do surto de coronavírus, verificando-se que a Alemanha é responsável por parte significativa das encomendas deste medicamento aos produtores chineses. A taxa de mortalidade em consequência do vírus na Alemanha é das mais baixas registadas na Europa.



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