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SEGURANÇAS DE GUAIDÓ SÃO TRAFICANTES DE ARMAS

O ministro Jorge Rodríguez apresentando provas de banditismo encontradas na "presidência" Guaidó

2019-07-15

Michele de Mello, Caracas; Brasil de Fato/O Lado Oculto

Dois membros da equipa de segurança do dirigente opositor da Venezuela, Juan Guaidó, foram detidos na sexta-feira (12) quando negociavam a venda de cinco espingardas roubadas às Forças Armadas do país, informou no sábado (13) o ministro de Comunicação e Informação venezuelano, Jorge Rodríguez.

Em transmissão em rede nacional, Rodríguez apresentou fotos, áudios e vídeos demonstrando que Erick Sánchez e Jason Parisi Castrillo eram guarda-costas de Guaidó, presidente da Assembleia Nacional venezuelana que se autoproclamou “presidente interino” do país no início do ano. Os dois foram detidos no momento em que tentavam vender o armamento roubado à Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) e utilizado durante a tentativa de golpe contra o governo de Nicolás Maduro no dia 30 de abril.

Parisi é treinador numa academia de segurança, que se transferiu para o Peru, de técnicas policiais baseadas nas Unidades de Armas e Tácticas Especiais (SWAT) dos Estados Unidos. Já Sánchez tem credenciais da Assembleia Nacional e assumiu, na sua confissão, que trabalha para Guaidó há três meses. Ambos foram vistos em mais de uma ocasião fazendo a segurança do deputado opositor e presidente da Assembleia Nacional. Além dos dois guarda-costas, também foi preso em flagrante Eduardo Javier García, primo de Sánchez.

A operação durante a qual os três homens foram detidos foi coordenada pelo Ministério Público; na altura foram confiscadas também as cinco armas AK-103, registadas com números de série, e dez carregadores que pertenciam à Guarda do Palácio Federal Legislativo, onde funciona a Assembleia Nacional. O armamento estava a ser vendido por um total de 35 mil dólares.

Mesa de diálogo

O governo de Maduro afirmou que apresentará as provas contra os seguranças de Guaidó na mesa de diálogo com a oposição na Ilha de Barbados, juntamente com outros dados obtidos numa investigação que já dura há mais de um mês e tem revelado uma série de actividades delituosas daquele sector de oposição.

"Não podemos estar numa mesa de diálogo permanente desenvolvendo um processo e uma coexistência pacífica e o círculo mais próximo de Juan Guaidó possuir armas que pertencem à República Bolivariana da Venezuela para proteger o povo, não para atentar contra ele", afirmou o ministro durante a transmissão em cadeia nacional.

"Não vamos deixar que nos derrubem e também não deixaremos de dialogar", afirmou o vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, durante uma marcha de apoio ao governo.

O sociólogo e analista político do portal Misión Verdad, William Serafino, também acredita que o diálogo deve continuar. "Guaidó e o seu partido, o Voluntad Popular, representam um sector da oposição presente na mesa de negociação. Creio que devem continuar, porque também estão outros grupos opositores com uma tendência moderada e eleitoral. Também há uma determinação do governo em manter essa instância, justamente porque essas ações de recorte violento não representam a totalidade do antichavismo", conclui.

Juan Guaidó, no entanto, acusa o governo de ter "sequestrado" os dois membros de sua equipa para fragilizar sua segurança e apelou a uma resposta das Nações Unidas e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

"A ditadura teme uma saída da crise. A sua natureza e divisões são o maior obstáculo para uma solução política e pacífica. Forças Armadas e comunidade internacional: aumentar a tensão em todos os tabuleiros é a única forma de mudar Venezuela", escreveu no Twitter o autoproclamado “presidente”, sem qualquer alusão à mesa de diálogo.

Para Serafino, os novos factos somam mais elementos que comprovam a disposição do partido de Guaidó para uma saída violenta da crise política.

"É uma prova de que a ala extremista do antichavismo, representada pelo Voluntad Popular, se vem constituindo como uma espécie de partido com vocação paramilitar e mercenária. Também é prova de que se trata de uma agenda entre as muitas que existem no interior da oposição venezuelana. Aqui não podemos falar da oposição como uma única voz. Devemos falar em oposições, com agendas eleitorais, armadas, insurreccionais e de coexistência", garante o analista.


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