O LADO OCULTO - Jornal Digital de Informação Internacional | Director: José Goulão

O Lado Oculto é uma publicação livre e independente. As opiniões manifestadas pelos colaboradores não vinculam os membros do Colectivo Redactorial, entidade que define a linha informativa.

Assinar

GRANDE RECESSÃO GLOBAL BATE À PORTA

Sem palavras

2019-01-03

Dr. Leon Tressell, Global Research/O Lado Oculto

À entrada em 2019, a economia global está à beira de mais uma recessão, que mergulhará as relações geopolíticas num período agitado e de mudanças rápidas. Neste ano, os mercados accionistas continuarão a enfrentar uma volatilidade sem precedentes e perdas gigantescas à medida que for desabando o esquema Ponzi insuflado pelo cartel dos bancos centrais.

Este cartel de bancos, constituído pela Reserva Federal dos Estados Unidos (que funciona como banco central), o Banco Central Europeu, o Banco do Japão, o Banco de Inglaterra e o Banco da China inundaram as economias nacionais com quantias astronómicas de dinheiro desde 2008, numa tentativa de evitar o colapso do mercado global e do sistema financeiro.
A impressão de dinheiro a que procederam desde esse ano elevou a dívida global de 177 biliões de dólares para mais de 277 biliões actualmente, enquanto as taxas de juros foram artificialmente suprimidas, permitindo uma transferência de riqueza de proporções históricas para o um por cento dos mais ricos do planeta. Esta expansão massiva dos balanços dos bancos centrais pode verificar-se no gráfico em baixo.

Quadro 1

 

Durante esse mesmo período, os mercados accionistas globais treparam para novos patamares históricos, impulsionados por essa heroína financeira garantida pelo cartel dos bancos centrais. O gráfico que se segue mostra claramente a correlação entre o tremendo crescimento do índice S&P 500 e os volumes de impressão de dinheiro pelo cartel dos bancos centrais.

Quadro 2

 

Agora é tempo dos reajustamentos, de uma espécie de regresso à realidade enquanto a economia global desacelera e o cartel dos bancos centrais tenta parar de imprimir dinheiro, uma prática coloquialmente conhecida como Quantitative Tightening (contracção quantitativa).
O esgotamento da heroína financeira está por detrás do colapso dos mercados accionistas globais registado durante o ano de 2018, que amputou biliões de dólares aos valores inflacionados de uma série de activos.

Quadro 3

 

Existe uma correlação muito clara entre os balanços patrimoniais dos bancos centrais globais e o crash contínuo das bolsas de valores. O colapso dos valores das acções dos bancos sistémicos de amplitude global representa grandes perigos para a economia global.

Como há 50 anos

As políticas de contracção monetária dos bancos centrais, na medida em que tentam terminar com a dependência dos mercados financeiros em relação à heroína monetária, conduzem-nos para um período de estagflação, uma reminiscência da situação existente nos anos setenta do século passado, que dará início a uma fase de depressão económica e aumento da inflação. As relações geopolíticas, a exemplo do que aconteceu no período de estagflação dos anos setenta, tornar-se-ão ainda mais instáveis e voláteis, intensificando muitos dos conflitos actuais e ameaçando criar novas guerras entre nações e blocos militares.
A próxima recessão mundial implicará sérios desafios para as grandes potências, traduzidos em grandes esforços para manter o controlo sobre matérias-primas estratégicas, os recursos económicos e as relações comerciais.
As grandes potências terão de lutar para lidar com as consequências devastadoras do colapso dos activos inflacionados, das falências bancárias, do retorno do desemprego massivo. No horizonte das nações estão revoluções políticas e sociais sem precedentes dos milhões de cidadãos que sofrerão na pele os efeitos do grande colapso económico.
Uma coisa é certa: 2019 será muito diferente de 2018 e dos anos anteriores, à medida que as nações se forem envolvendo entre si nas lutas para redefinir as suas relações políticas e económicas.

fechar
goto top