O VIVEIRO NEONAZI DA NATO NA UCRÂNIA
2019-07-24
Manlio Dinucci, Il Manifesto/O Lado Oculto
A descoberta de um arsenal de armas de guerra em Turim representa uma concludente informação para todos quantos duvidavam da sobrevivência da Gladio, a rede stay behind (clandestina) da NATO. A rede de neonazis que actua em conjunto com a Aliança Atlântica contra a Rússia está operacional na Ucrânia.
Continuam a decorrer as investigações sobre os modernos arsenais militares descobertos no Piemonte, na Lombardia e na Toscânia, em Itália; arsenais com verdadeira matriz neonazi, como revelam as cruzes gamadas e as citações de Hitler encontradas juntamente com as armas. Mas ainda não há resposta para a pergunta: trata-se de um caso de nostalgia do nazismo ou estamos perante qualquer coisa verdadeiramente mais perigosa?
Os investigadores – de acordo com o diário Corriere della Sera – seguiram pistas relacionadas com “o extremismo de direita próximo do Batalhão Azov” da Ucrânia, mas ainda não apuraram “qualquer coisa de útil”. No entanto, existem há vários anos muitas e documentadas provas sobre o papel deste grupo armado ucraniano, e de outros do mesmo género, formados por neonazis e usados no golpe de 2014 na Praça Maidan em Kiev sob a direcção da NATO, e também nos ataques contra os ucranianos russófonos na região do Donbass.
É importante notar que o Azov já não é um simples batalhão de tipo paramilitar; transformou-se num regimento, isto é, uma unidade militar regular de nível elevado. O Batalhão Azov foi fundado em Maio de 2014 por Andriy Biletsky, conhecido como o “Fuhrer branco”, para defender a “pureza rácica da nação ucraniana, impedindo que os seus genes se misturem com os de raças inferiores”, assegurando assim “a sua missão histórica de comandar a Raça Branca mundial na sua cruzada final pela sobrevivência”.
Para o Batalhão Azov, Biletsky recrutou militantes neonazis que estavam já sob as suas ordens enquanto chefe de operações do Pravy Sektor. O Azov destacou-se imediatamente pela sua ferocidade nos ataques contra a população russófona da Ucrânia, designadamente na cidade de Mariupol.
Em Outubro de 2014, o batalhão foi incorporado na Guarda Nacional, dependente do Ministério do Interior, e Biletsky foi promovido a coronel e condecorado com a “Ordem da Coragem”. Retirado do Donbass, o Azov foi transformado em regimento de forças especiais, equipado com carros de assalto e artilharia, da 30ª Brigada Mecanizada. Nesta transformação conservou, porém, o emblema original, decalcado das SS nazis alemãs, e a formação ideológica dos recrutas, baseada no nazismo.
Pistas italiana e da NATO
Parte do arsenal nazi descoberto pela polícia italiana em Turim
Como unidade da Guarda Nacional, o regimento Azov foi treinado por instrutores norte-americanos e outros oriundos da NATO. Num texto oficial pode ler-se que “em Outubro de 2018, representantes dos Carabineiros italianos visitaram a Guarda Nacional da Ucrânia para discutir a expansão da cooperação em diferentes direcções e assinar um acordo sobre a cooperação bilateral entre as instituições”. Em Fevereiro de 2019, o regimento Azov foi colocado na primeira linha no Donbass.
O Azov não é apenas uma unidade militar, mas um movimento ideológico e político. Biletsky, que em Outubro de 2016 criou o seu próprio partido, “Corpo Nacional”, continua a ser o chefe carismático, sobretudo para a organização juvenil, que recebe formação militar e é ensinada no ódio contra os russos através do seu livro “As Palavras do Fuhrer Branco”.
Simultaneamente, o Azov, o Pravy Sektor e outras organizações ucranianas recrutam neonazis de toda a Europa e dos Estados Unidos. Depois de receberem treino e de serem postos à prova em acções militares contra os ucranianos russófonos do Donbass, regressam aos seus países onde mantêm, evidentemente, os contactos com os centros de treino e recrutamento.
Isto passa-se na Ucrânia, país parceiro da NATO e de que já é, de facto, um membro, sob comando dos Estados Unidos. Compreendem-se as razões pelas quais as investigações sobre os arsenais neonazis descobertos em Itália não poderão ser levadas até ao fim. Compreendem-se também as razões pelas quais os que enchem a boca de antifascismo continuam mudos perante o nazismo renascendo no coração da Europa