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No próximo mês de Setembro as Nações Unidas organizam a chamada Cimeira dos Sistemas Alimentares. O objectivo declarado é o de reestruturar a agricultura mundial e a produção alimentar no contexto das metas de agricultura dita “sustentável” inseridas no projecto de globalização neoliberal designado oficialmente “Agenda 2030 da ONU”. As leis de desregulação da agricultura impostas recentemente na Índia pelo governo fascista de Narendra Modi integram-se no quadro dessa agenda e, como pode perceber-se pelo terramoto social que está a registar-se no país, nada disto augura algo de bom.
A saga das vacinas em Portugal está distorcida. Centra-se na condenável batota para adulteração das listas de prioridades da vacinação que, apesar da sua gravidade, funciona como cortina de fumo para esconder aspectos muito mais inquietantes do processo, o principal dos quais é a submissão do governo e a abdicação da vontade própria perante a inconcebível e corrupta estratégia de selecção, compra e distribuição conduzida pela Comissão Europeia. Uma estratégia que se guia sobretudo pelo lucro e pela secundarização da saúde pública, desvalorizando e silenciando eventuais riscos associados.
Meio milhar de indivíduos celebram os tempos em que vivemos enquanto a democracia vai ficando suspensa com sintomas de irreversibilidade, as grandes massas, ansiosas, disputam o acesso a vacinas produzidas com métodos de manipulação genética jamais experimentados em seres humanos e as economias nacionais se afundam.
Que há de comum entre a farsa globalizada das eleições norte-americanas e a banalização da imposição de situações que reduzem a pouco mais que resquícios os direitos cívicos dos cidadãos a pretexto, por exemplo, da saúde pública? Na verdade, tudo. São manifestações comuns de uma maneira cada vez mais excepcional de olhar a sociedade em todo o mundo gerido pela ortodoxia neoliberal, ditada pela crise em que continua a afundar-se a própria ortodoxia neoliberal.
Quando a elite dos predadores que conduziram o mundo ao estado desgraçado em que se encontra se propõem agora salvá-lo tirando proveito da “janela de oportunidade” que é a pandemia de COVID-19 podemos deduzir que há nuvens ainda mais negras no horizonte.
Os doze indivíduos mais ricos dos Estados Unidos atingiram este mês de Agosto uma fortuna combinada que ultrapassa pela primeira vez o valor astronómico de um bilião (um milhão de milhões) de dólares. Este número foi obtido graças a uma aceleração explosiva dos fluxos de riqueza entre Março e Agosto, cerca de 40%, coincidindo com a recessão económica decorrente da pandemia de COVID-19 e as “medidas estabilizadoras” dos mercados e de “ajuda” económica decididas pelas autoridades norte-americanas – e outras, como a Comissão Europeia. Operações como a febril especulação nos mercados financeiros e actividades desenvolvidas sob a capa de “filantropia” estão na base dos níveis obscenos de riqueza dos 12 plutocratas, transformados em vedetas sociais pela comunicação social corporativa.
A filantropia está na moda. Não se trata apenas da tradicional caridadezinha, os que podem aos que precisam, mas de qualquer coisa muito mais grandiosa e assegurada por nomes sonantes da elite que nos governa à escala global, dir-se-ia que compadecidos das desigualdades gritantes, compungidos com as injustiças avassaladoras. Mergulham as mãos nos seus biliões e espalham uns trocos no apoio a causas fracturantes e que mobilizam a consciência de grande parte da humanidade. É certo que isso não os impede de serem cada vez mais ricos, antes pelo contrário, mas quem pode levar-lhes a mal? O mundo é assim!...
Elon Musk, dono da Tesla, um dos homens mais ricos do mundo, twittou tranquilamente, como quem anuncia que vai jogar ténis, que “daremos o golpe em quem quisermos”. E aconselhou: “lidem com isso”. As palavras foram escritas num contexto relacionado com o golpe fascista na Bolívia, que permitiu a Musk desbloquear o livre acesso às maiores reservas de lítio do mundo, essenciais para a parte gorda dos seus negócios, os acumuladores de energia.
Um estudo efectuado pelo Centro Europeu de Direito e Justiça de Estrasburgo revelou a existência de numerosos casos de conflitos de interesses entre juízes em funções no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) e organizações não-governamentais (ONG’s) financiadas pelo multimilionário George Soros, “filantropo” globalista neoliberal essencial no sistema de apropriação e adulteração de causas sociais, designadamente através do patrocínio de “revoluções coloridas”.
O que têm em comum a aliança de vacinação GAVI de Bill Gates, a poderosa Mastercard e a empresa Trust Stamp mais os seus softwares de identificação biométrica? Negócios, certamente, grandes negócios, pensará o leitor. Nada disso: a acreditar nos próprios, trata-se de uma grande convergência cívica e humanitária que juntará a recolha de dados biométricos de identificação de indivíduos com base em inteligência artificial, os dados de saúde e vacinação, sobretudo os motivados pelo combate à COVID-19, e os métodos de pagamento sem mexer em dinheiro, essa matéria de repente tornada repelente e “contagiosa”. A esta combinação virtuosa chamaram “Passe de Bem-Estar” ou de saúde. No limite, juntam-se potencialmente ainda muitas outras virtualidades num só “passe” em que o pessoal, o público e os grandes interesses privados se diluem com as melhores das intenções, como podem ser também a identificação de futuros focos de COVID-19, de ajuntamentos para manifestações, a “prevenção policial”, o rastreio de infectados e a desmaterialização das pulseiras electrónicas da justiça. Um admirável mundo novo.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos parece uma longínqua referência e as violações em massa são paralelas à expansão do vírus da COVID-19. O presidente Trump humilha a Organização Mundial de Saúde, ameaça-a e desqualifica-a enquanto os outros órgãos da ONU empalidecem para evitar ficar contagiados com o mesmo mal que a atinge: o desprezo dos mais poderosos. Milhões de seres humanos anseiam por água, comida, tecto e saúde. Na educação, enormes massas de jovens entram em deserção por falta de conectividade, os empregos estáveis caíram em areias movediças, a precariedade e a informalidade laboral atingem números aterradores. A maquilhagem das informações económicas de êxito e associadas a supostas escalas de igualdade social extingue-se perante a realidade desigual que o vírus destapou.
O reforço da Informação Independente como antídoto para a propaganda global.
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