GOVERNO DE TRUMP: SAI BOEING ENTRA RAYTHEON

2019-06-19
Martha Ladesic, Washington; com Jason Ditz
Numa decisão súbita, como que surgida do nada, o secretário da Defesa dos Estados Unidos em exercício, Patrick Shanahan, anunciou que se retira do processo de nomeação a efectivo. A informação foi divulgada pouco depois de ter chegado a público um incidente de violência doméstica envolvendo Shanahan e a família; o demissionário pretende assim evitar que o assunto seja tema de uma audiência de confirmação no Senado.
Patrick Shanahan chegou a secretário da Defesa de Trump depois de uma longa carreira na Boeing, chegando a ser vice-presidente do maior fabricante de armamento dos Estados Unidos. Primeiro foi designado subsecretário da Defesa, transitando depois para secretário (ministro), embora a título interino.
A saída de Shanahan não significa que a poderosa e influente indústria de armamento tenha perdido o lugar no governo; como seu sucessor foi designado Mark Esper, ele próprio vice-presidente da Raytheon, também das principais empresas mundiais do sector. Antes disso, Esper foi secretário do Exército.
Apesar de o seu currículo destacar agora o serviço de Esper nas forças armadas durante a década de noventa, a verdade é que se tornou uma figura notada graças ao seu papel na Raytheon, onde chegou a vice-presidente precisamente encarregado das relações com o governo. Ao mesmo tempo, foi designado em 2015 e 2016 como um dos mais poderosos executantes de lobbying corporativo em Washington.
Não se prevê, por isso, que a troca de Shanahan por Esper provoque mudanças políticas no sector de Defesa da administração; talvez seja previsível um reforço da influência da Raytehon, onde Esper foi responsável pelas vendas ao Pentágono, por cujas compras passa agora a ser o titular.
Também é bastante possível que em alguns círculos venham a levantar-se controvérsias sobre o enorme poder exercido pela Raytheon na administração, uma vez que é ainda muito recente o caso de Charles Faulkner, outro ex-lobista da empresa, que foi demitido devido as seu envolvimento na venda de armas da marca à Arábia Saudita.
Já não no campo das hipóteses, mas no das certezas, está o apoio que o novo secretário da Defesa irá continuar a dar aos esforços de guerra contra o Irão.