A LUTA PELO DESENVOLVIMENTO DEMOCRÁTICO

2019-03-17
Zillah Branco, especial para O Lado Oculto
"Todas as sugestões serão benvindas, nunca a ingerência", como referiu Wang Yi, Ministro das Relações Externas da China ao apresentar plano para solucionar políticamente os conflitos. Na tradição do pensamento milenar oriental, esta afirmação deve ser adotada como um ditado popular e filosófico.
O cidadão que enfrenta a vida de pobre e sobrevive com ânimo para buscar novos conhecimentos que sirvam como alavanca para progredir e transmitir aos seus filhos e companheiros de luta, compreende e enriquece a sabedoria milenar. Precisa é de ser respeitado pelo colectivo que empreende as acções de organização e desenvolvimento nacional, tendo por base a das forças produtivas - materiais e humanas.
A tarefa solidária desempenhada por quem teve o privilégio de estudar e aprender a organizar um plano de luta gradual que atraia todo o povo trabalhador e a juventude em formação, para reconstruir o Estado democrático, é reunir todas as sugestões que não abram caminho às ingerências inimigas.
O egoísmo é uma doença anti-social
Vivemos um momento caótico de egoísmo desesperado de uma elite política selvagem e cruel, que não tem saída para o caminho truculento e criminoso com que pretende manter o poder sobre a humanidade. Não satisfeita com o monopólio sobre as riquezas naturais utilizadas para o seu conforto, destrói as conquistas dos trabalhadores e populações pobres de todo o mundo que criaram as condições mínimas de sobrevivência baseadas em leis e conhecimentos fundamentais para manterem a evolução da civilização no planeta.
Diante do poder ocupado por vândalos desequilibrados como Trump, Bolsonaro e tantos outros que a eles se submetem, entregando-lhes as riquezas nacionais e os conhecimentos técnicos e científicos expoliados aos povos, é urgente a criação de um plano de acção para salvar a civilização com as suas características nacionais e históricas que traduzem os valores mentais, éticos e patrimoniais da humanidade no seu conjunto.
Basta de mentiras e fórmulas especiais de "democracia privada", oferecida como solução pré-eleitoral, para evitar que os pobres morram e que desapareça o necessário mercado interno de consumo de bens essenciais. O ser humano não é rico nem pobre, é um ser capaz de sobreviver, de criar soluções para o desenvolvimento, defender os direitos de cidadania, valorizar o meio ambiente, aplicar a inteligência natural no progresso da civilização.
Inteligência artificial para escravização cultural
Através da internet está sendo criada uma "inteligência artificial" que é recolhida e processada por robôs sob a condução da elite dirigente do imperialismo. Ou seja, através do conhecimento dos dados de das pessoas que utilizam whatsApp, Facebook ou Instagram, os "donos do mundo" constroem um pensamento com as características dos grupos que se intercomunicam, o qual vai aparecer como uma "conclusão" ou "modelo inteligente" a ser seguido. Criam, portanto, uma "fórmula" para bitolar o pensamento humano excluindo a sua dinâmica natural, que é evolutiva.
A partir desse modelo, revelado por pessoas e grupos com determinadas características históricas, sociais e políticas, os donos dos robôs vão vender às empresas que criam produtos atractivos para os grupos ou classes definidos. Isto significa que a inteligência de cada um fica amarrada, sem vontade própria, à resposta oferecida pelo produto oferecido comercialmente ou políticamente. Assim agiram os promotores das campanhas eleitorais para convencerem os eleitores de Trump, de Bolsonaro, dos apoiantes de Guaidó. Transformaram os eleitores numa "manada" irracional conduzida por um "inteligente criminoso".
Essa mesma elite imperialista, além de roubar aos povos as propriedades nacionais que são a base do trabalho produtivo - as terras, as ferramentas, as máquinas, o conhecimento profissional, etc. - agora destrói o sistema judicial de defesa dos cidadãos e impõe limites ao tratamento da saúde, à formação escolar, às descobertas tecnológicas e científicas que existem em cada nação e passam a controlar a inteligência das pessoas como se fossem débeis mentais; para que assim se possa cumprir, através de normas aparentemente "democráticas", um falso papel de "liberdade de escolha" dos governantes que vão impor um regime adequado aos objetivos do imperialismo expoliador.
O imperialismo, através de magnatas (como Soros e outros) e grandes empresas que dão prémios estimuladores aos jovens que se dedicam à humanidade - na defesa da natureza, no amor aos animais, na informação social, na divulgação dos problemas graves em que os pobres tropeçam - desde que façam a apologia do indivíduo como vítima e não da classe trabalhadora e expoliada que ele integra e representa. Preconiza a superação das ideologias, de esquerda e direita, promovendo a dúbia social-democracia que se equilibra sobre o muro com o olhar enevoado por falsas informações para não distinguir o óbvio: rico no poder e pobre na miséria = direita e esquerda.
Assistimos desalentados ou desesperados a uma crise completa de valores decorrente das elites mais poderosas, que inventaram uma "democracia" privada a ser distribuida de acordo com o grau de submissão que os grupos ou classes humanas revelam. É sabido, para quem estuda a história dos povos, que a escravidão destrói com violência e crueldade a capacidade de defesa do ser humano. Como recurso de sobrevivência, ele foge ou passa a defender os seus "donos", tornando-se corrupto e oportunista.
Mas a Antiguidade revelou casos de confronto na defesa da dignidade humana de quem foi dominado pela força e as armas de uma elite. As elites, assim confrontadas, são vencidas e têm de fugir ou submeter-se aos lutadores. Essas foram as sementes revolucionárias que a história acumulou para definir as condições necessárias para que os trabalhadores oprimidos não sucumbam diante do uso da força e do poder económico contra as populaçôes mantidas na miséria, sem assistência médica e acesso à formação profissional. A condição inicial é o sentimento de solidariedade e respeito humano, sem preconceitos divisionistas, seguido da capacidade de organização e acção colectiva em defesa de direitos sociais e económicos que criam condições para atingirem uma representação política - sindical, partidária, intelectual, parlamentar, até chegar ao governo e à administração do Estado.
O socialismo define o regime que deriva deste percurso da classe trabalhadora contra o domínio de uma elite que utiliza o sistema capitalista para impor a sua força, derivada da acumulação do capital privado e do controle das forças armadas e do mercado nacional e internacional. Até o recente movimento de adolescentes que se levanta no mundo (com apoio controverso, como é moda hoje, na acção social-democrata) a partir da projeção da jovem sueca Greta Thumberg, reconhece que é preciso mudar os parâmetros da vida política e também "o sistema" que os condiciona.
Com a inteligência natural, o espírito de solidariedade, a força de vontade, a saúde e o conhecimento da história de vida, a humanidade afirma a sua condição revolucionária e supera a manipulação dos retrógrados imperialistas.