O LADO OCULTO - Jornal Digital de Informação Internacional | Director: José Goulão

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O CIDADÃO, A ESTATÍSTICA E A ASTRAZENECA

A confusão instalou-se. E os responsáveis, em vez de inocularem um pouco de lucidez para travarem uma inquietação cada dia mais desgovernada, fogem para a frente amparando-se em dogmas que, por muito correctos que sejam em termos estatísticos, permitem que a vida humana seja jogada em caprichos de roleta. As coisas estão, de facto, a correr mal com a vacina da AstraZeneca contra a Covid-19. Escondê-lo atrás da certeza fundamentalista de que o medicamento é “seguro e eficaz” e persistir na vacinação como se nada estivesse a acontecer é uma estratégia que cumpre efectivamente o preceito tecnocrático segundo o qual uma pessoa é apenas um número; mas atenta contra os direitos humanos.

BRUXELAS SACRIFICA SAÚDE PÚBLICA À GUERRA FRIA

O Departamento (Ministério) da Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos confirmou publicamente que realiza acções diplomáticas para dissuadir países de recorrerem a medicamentos produzidos por “Estados mal-intencionados” como a Rússia e a China. Um dos exemplos citados a propósito foi a intervenção para “persuadir o Brasil a rejeitar a vacina russa contra a Covid-19”. Não explicando tudo, um episódio como este ajuda-nos a entender as histórias mal contadas que envolvem os processos de vacinação às escalas nacionais, regionais e global – e que estão a custar vidas humanas, pelas quais ninguém será, obviamente, responsabilizado.

A CONFISSÃO ASSUSTADORA DO PRIMEIRO-MINISTRO

O primeiro-ministro da República Portuguesa confessou numa declaração transmitida no dia 12 deste mês em jornais televisivos que o processo de vacinação contra a Covid-19 “está fora do nosso controlo”. Alvo de uma barragem de ataques, quantos deles despropositados e oportunistas, não consta, ao invés, que António Costa tenha sido sequer admoestado por admitir a mais grave situação que poderia existir em pleno combate à pandemia. Em causa está a saúde pública e também a própria essência do funcionamento do país como nação independente.

A SAÚDE PÚBLICA À MERCÊ DOS NEGÓCIOS E DA CEGUEIRA GEOPOLÍTICA

A saga das vacinas em Portugal está distorcida. Centra-se na condenável batota para adulteração das listas de prioridades da vacinação que, apesar da sua gravidade, funciona como cortina de fumo para esconder aspectos muito mais inquietantes do processo, o principal dos quais é a submissão do governo e a abdicação da vontade própria perante a inconcebível e corrupta estratégia de selecção, compra e distribuição conduzida pela Comissão Europeia. Uma estratégia que se guia sobretudo pelo lucro e pela secundarização da saúde pública, desvalorizando e silenciando eventuais riscos associados.

O ANO DAS COBAIAS HUMANAS

É fácil, e óbvio, designar 2020 como o ano do vírus, ou da Covid ou de qualquer outra coisa aparentada. Mas não será correcto. A verdadeira história do SARS-CoV-2 está toda por contar, desde as origens às confusas estatísticas, sejam as relacionadas com as causas de mortes sejam as resultantes de diagnósticos feitos com base em testes que não foram criados para fazer diagnósticos. Terá, portanto, de passar muito tempo até que se percebam todas as vertentes da pandemia de Covid-19 e respectivos efeitos sobre a formatação do mundo em que vivemos. E o mais certo é sermos confrontados com a inevitabilidade das consequências sem jamais nos ser dada a possibilidade de conhecer como na realidade tudo começou e se desenvolveu, desde a deslavada mentira do “vírus de Wuhan” – que já andava por outras partes do mundo antes de ser identificado na China – até à gigantesca campanha de terror global montada paralelamente à declaração de pandemia.

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