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Na Itália martirizada pela tragédia do novo coronavírus as despesas militares anuais são superiores à verba aprovada pelo Parlamento para combater a emergência sanitária. Faltam camas de hospitais, mas Itália possui os mais modernos caças F-35 norte-americanos, a preços de uma fortuna por unidade. Isto acontece numa Europa em que os Estados Unidos prosseguem as manobras militares em plena crise e onde podem fazer cada vez mais o que entenderem.
Os governos de oito países sob sanções ilegais dos Estados Unidos dirigiram-se a várias instâncias internacionais, entre elas o secretário-geral da ONU, advertindo que esses bloqueios estão a impedir os seus povos de combater eficazmente a pandemia de coronavírus (COVID-19).
Westlessness. Poderá traduzir-se como o défice de Ocidente na cena internacional e foi o mote escolhido para a Conferência de Segurança de Munique deste ano, em 16 e 17 de Fevereiro, como sempre uma organização associada à NATO. Percebeu-se, pela escolha desta temática, que o Ocidente vive uma crise existencial, com saudades de tempos recentes em que podia destroçar a Jugoslávia, bombardear a Sérvia, arrasar o Afeganistão, desmembrar o Iraque e a Líbia sem ter contraditório. Na origem da inquietação ocidental está, como foi abundantemente aflorado como eco da exposição do chefe do Pentágono, a crescente presença da Rússia e da China na arena internacional - que se reflecte no aparecimento de um efeito dissuasor da impunidade colonial. Não admira, portanto, e perante a presença de convidados “inimigos”, que às tantas à conferência tivesse parecido um diálogo de surdos.
A pergunta está a tornar-se comum, perante as particularidades e as circunstâncias da epidemia de Coronavírus iniciada na cidade chinesa de Wuhan: tratando-se de uma mutação genética, de onde chegou a mão humana que contribuiu para desencadear a doença? Custa sempre admitir que haja pessoas e instituições capazes de atrocidades destas. Mas olhando um pouco para trás, recordando factos históricos conhecidos, admitidos e comprovados, identificando os seus autores e respectivos interesses, medindo os factos e coincidências podem antever-se respostas sem entrar pela gratuitidade da especulação. O Lado Oculto deixa este texto tentando contribuir para a reflexão informada sobre o tema.
O futuro do planeta nos próximos vinte a trinta anos está profundamente associado ao processo de integração da Eurásia, que tem como os três pilares essenciais a China, a Rússia e o Irão. Contra esta integração batem-se empenhadamente os Estados Unidos, com base na sua doutrina “Indo-Pacífico” e procurando adaptar a NATO a esta estratégia fazendo avançar a aliança para espaços asiáticos. Isso ficou claro na última cimeira da NATO através das decisões de reforçar a agressividade contra a Rússia, conter a China e militarizar o espaço. A que se somam os esforços incessantes para mudar o regime no Irão. Os dados estão lançados: de um lado as estratégias convergentes da Iniciativa Cintura e Estrada da China e da Grande Eurásia, da Rússia; do outro o Império globalista, em luta existencial pelo seu domínio. Segue-se uma reflexão sobre o ponto da situação daquilo que o autor qualificou como “a batalha das eras”, o choque de titãs entre a unipolaridade globalista e a multipolaridade.
A quinta edição do Fórum Económico Oriental, que decorreu em Vladivostoque, demonstrou que o multilateralismo e a cooperação mutuamente vantajosa são possíveis mesmo entre nações que têm um passado – e até um presente – de antagonismo. No Extremo Oriente, sob a égide da Rússia, várias nações asiáticas enviaram esta mensagem ao mundo – a de que uma nova ordem internacional é possível - significativamente ignorada pelos meios de comunicação mainstream.
A Coreia do Sul exige ao Japão avultadas indemnizações, públicas e privadas, pelo trabalho escravo a que milhões de coreanos foram forçados durante a primeira metade do século XX; o Japão acha que não devem ser feitos ajustes de contas às vantagens económicas obtidas através de tragédias humanitárias e retalia a economia sul-coreana. O conflito entre dois dos gigantes tecnológicos e comerciais asiáticos tem potencial para abalar ainda mais a economia e o comércio mundiais.
A administração Trump atingiu um novo topo nos seus actos lesivos contra a economia e a sociedade venezuelanas ao ampliar à categoria de embargo as medidas coercivas e unilaterais contra a República Bolivariana. Uma medida que, segundo o jornal norte-americano Washington Post, consiste “num embargo económico total”.
A Administração Trump tem vindo a agitar obsessivamente o conceito de “Indo-Pacífico livre e aberto”. Além de um pequeno grupo de académicos, muito poucas pessoas em todo o mundo, especialmente no Hemisfério Sul, sabem o que significa esta incipiente estratégia desde que foi divulgada pela primeira vez no fórum da APEC (Cooperação Económica Ásia-Pacífico) de 2017, no Vietname. Trata-se, no fundo, de uma resposta através da ameaça militar contra os esforços da China e da Rússia pelo desenvolvimento e a integração regional.
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