O LADO OCULTO - Jornal Digital de Informação Internacional | Director: José Goulão

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O BANDITISMO COMO INSTRUMENTO DA ORDEM INTERNACIONAL

Elon Musk, dono da Tesla, um dos homens mais ricos do mundo, twittou tranquilamente, como quem anuncia que vai jogar ténis, que “daremos o golpe em quem quisermos”. E aconselhou: “lidem com isso”. As palavras foram escritas num contexto relacionado com o golpe fascista na Bolívia, que permitiu a Musk desbloquear o livre acesso às maiores reservas de lítio do mundo, essenciais para a parte gorda dos seus negócios, os acumuladores de energia.

ISRAEL ARRASA INSTALAÇÕES PALESTINIANAS CONTRA A COVID-19

Tropas israelitas arrasaram há uma semana um hospital e um centro de testes acabados de construir por palestinianos em Hebron para combater a COVID-19; em Março tinham feito o mesmo em Khirbet Ibziq, também na Cisjordânia. Tanto as chamadas “democracias liberais” como as “iliberais” da União Europeia guardam um recatado silêncio perante estas atrocidades que enxovalham os direitos humanos em tempos de pandemia. As autoridades sionistas cometeram o crime com requinte: começaram por exigir licenças de construção quando são elas próprias que negam essas autorizações a palestinianos nos territórios ocupados. Israel é, como tantas vezes se repete no “mundo civilizado”, “a única democracia no Médio Oriente”.

CHAMAM-LHE “POLÍTICA”: O ESCÂNDALO DAS “RECOMPENSAS” É O NOVO RUSSIAGATE

O mundo da política nos Estados Unidos da América, que serve de padrão a todas as “democracias”, está abaixo de lixo. Os principais arautos da comunicação corporativa servem-se agora de “fugas anónimas” para acusar a Rússia de pagar aos Talibã para matarem soldados norte-americanos no Afeganistão – e assim conseguirem um dois em um: intervir nas eleições presidenciais impondo uma tónica militarista e armadilhar as possibilidades de paz, fazendo a vontade ao Pentágono. Montadas as “fugas” sem qualquer prova, abundam as hipóteses de se tratar de uma nova versão do fracassado “Russiagate”, que fazia de Trump um “agente de Moscovo”. A “democracia” que se vai usando em todo o mundo e a comunicação dominante que se pratica têm, sem dúvida, uns bons mestres.

RÚSSIA E CHINA DESCONGELARAM A GEOESTRATÉGIA

Do Extremo Ocidente ao Extremo Oriente, a Eurásia é um conceito geoeconómico e geopolítico onde se mexem as pedras de um Grande Tabuleiro de Xadrez, assim definido por Zbigniew Brzezinski, um dos estrategos imperialistas a par de Henry Kissinger. Nesse cenário deverão ser enquadrados os passos em curso para um desanuviamento entre a União Europeia e a Rússia – para desespero da administração Trump – mas também as contradições existentes na redefinição de uma nova ordem internacional onde a parceria estratégica Rússia-China tem um papel cada vez mais determinante – descongelando a geoestratégia moldada pelo imperialismo.

CHINA: UM PAÍS, DUAS SESSÕES, TRÊS AMEAÇAS

As duas importantes sessões do Congresso Nacional do Povo em Pequim incidiram sobre o posicionamento da China em relação à guerra fria que tem sido movida contra o país pelos Estados Unidos e o Ocidente em geral, acelerada com as incidências da pandemia de COVID-19. O Congresso deu alento a uma recuperação e a um relançamento económico rápido no plano interno como base material e tecnológica para concretizar os grandes projectos sociais domésticos e as acções internacionais estabelecidos e em desenvolvimento. Algumas coisas vão mudar no plano internacional, a começar por Hong Kong.

O EURO ENTRE A VIDA E A MORTE

O euro, a moeda única, está entre a vida e a morte. Uma sentença do Tribunal Constitucional Alemão adoptada em 5 de Maio veio tornar frontais e irredutíveis as divergências no interior da Zona Euro e que implicam com os mecanismos possíveis de ajuda aos Estados membros para combater a crise económica decorrente da pandemia do COVID-19. Como a seguir se explica, a situação resultante da sentença do Tribunal criou um quadro no qual ou a Alemanha sai do euro ou as suas posições ditadas constitucionalmente têm ganho de causa no Banco Central Europeu – terminando com as compras de dívida dos Estados membros. Mas se isto acontecer, países como França e a Itália terão de por em causa a continuidade no euro porque as suas economias não sobrevivem sem as compras de dívida e os mecanismos (não assumidos) de financiamento monetário através do BCE. O euro, tal como o conhecemos, está entre a vida e a morte.

QUANDO O SILÊNCIO ABSOLVE O TERRORISMO

A esperança é a última a morrer, dizem. Daí que o mundo e, por inerência, os portugueses, continuem a aguardar que a União Europeia e o governo da República Portuguesa se pronunciem sobre a tentativa de invasão da Venezuela patrocinada pelo “presidente interino” que reconhecem, Juan Guaidó, e cujo “objectivo principal”, confessado contratualmente, era o de capturar, enviar para os Estados Unidos ou assassinar o presidente legítimo, Nicolás Maduro.

O VÍRUS COMO ARMA PARA MILITARIZAÇÃO DA SOCIEDADE

A Fundação Rockefeller, que mantém laços históricos com o Estado federal norte-americano, apresentou um plano nacional para controlar a epidemia de coronavírus. Tem como objectivo testar 30 milhões de pessoas por dia – despesa a ser assumida pelo Estado – e a submeter os cidadãos a um estrito controlo militar.

ASSALTO À VENEZUELA: A UNIDADE SECRETA BRITÂNICA

O governo conservador britânico de Boris Johnson criou uma Unidade Secreta” com o deputado venezuelano Juan Guaidó (autoproclamado “presidente interino”) com o objectivo de derrubar o chefe de Estado constitucional da Venezuela, Nicolás Maduro, para depois partilhar as riquezas do país, revela uma investigação do portal The Canary.

NÃO FOI APENAS BOLSONARO

Que o Brasil se tornou um pária mundial, já ninguém duvida. Venho escrevendo sobre este processo há anos, mas agora parece que tal avaliação, após o brilhante desempenho do governo Bolsonaro na pandemia do COVID-19, se tornou praticamente unânime. Unanimidade inteligente, acrescente-se. Mas como se deu esse processo lamentável de transformação do cisne do soft power multilateralista no patinho feio de uma total subserviência unilateralista?

CAÇA AOS DADOS PESSOAIS, O DESPORTO DA PANDEMIA

A caça aos dados pessoais e a imaginação inventiva em torno dos métodos para os obter desenvolvem-se em paralelo com o combate ao coronavírus e como panaceia para acabar com a pandemia. Raro é o governo ou a união de governos que não associe a guerra ao vírus ao conhecimento dos dados dos sistemas de saúde e à necessidade de seguir os cidadãos, de preferência digitalmente, a pretexto de detectar os seus contactos com infectados. Não há dia em que a Comissão Europeia não fale nisso. Como exemplo muito concreto, já em andamento, deixamos nota do assalto dos serviços britânicos de espionagem aos sistemas de dados do Serviço Nacional de Saúde.

O NEOLIBERALISMO CAVALGA O VÍRUS

A directora-geral do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, pronunciou uma sentença em poucas palavras que vale mais que mil imagens: “A Organização Mundial de Saúde existe para proteger a saúde das pessoas; o FMI existe para proteger a saúde da economia mundial”. Ficamos avisados: ai dos povos cujos dirigentes resolverem combater o cataclismo económico gerado pelo novo coronavírus recorrendo às bem conhecidas “ajudas” do FMI e das suas extensões troikianas para consumo interno da União Europeia!

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