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Há muitas maneiras de fechar as portas que Abril abriu, mas o governo português em funções parece ter escolhido as mais extremas em política externa, como a da conspiração contra governos democráticos e o terrorismo contra populações soberanas e independentes. E fá-lo em silêncio, sem admitir que o faz e, pior, sem se dar ao trabalho de explicar aos cidadãos portugueses as suas inquietantes actividades. Será que ainda tenciona fazê-lo ou vai continuar a mover-se na sombra do intervencionismo norte-americano contra o direito e o decoro na cena internacional -ofendendo também o 25 de Abril e a Constituição da República?
Movimentações militares, uma reunião de conspiração para agredir a Venezuela, novas sanções contra a Nicarágua e contra Cuba. Nos últimos dias, a ofensiva colonial norte-americana contra a América Latina acelerou-se perante a sucessão de fracassos nas tentativas para derrubar Maduro e impor Guaidó. Um após outro, vão regressando ao activo, pela mão dos fascistas Bolton, Pompeo e Pence da administração Trump, os estrategos terroristas responsáveis por algumas das mais cruéis fases imperialistas no "quintal das traseiras". Uma ofensiva que dinamita as próprias fronteiras regionais, como a União Europeia começa a perceber.
No dia 10 de Abril realizou-se em Washington uma reunião para "avaliar a utilização da força militar na Venezuela". Apesar de "privada" e organizada por um "think tank", o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, a reunião conspirativa teve a participação de membros do Departamento de Estado e do Conselho de Segurança Nacional, pertencentes pois à Administração Trump. A lista de participantes, que publicamos no final do artigo, incluiu o almirante Kurt Tidd, que é há muito uma figura de topo nas actividades contra a soberania da Venezuela como comandante do Comando Sul das Forças Navais dos Estados Unidos - cargo que deixou recentemente.
Sanções para um lado, golpes de Estado para outro, invasões militares, ameaças, chantagens para outros, os Estados Unidos desdobram-se em actividades que muitas vezes têm em comum um sinal - um rasto de petróleo. O império move-se a hidrocarbonetos no quadro de uma estratégia que é, de facto, elaborada e afinada com o objectivo de controlar globalmente a energia. O petróleo não explica tudo, mas diz muita coisa.
Um ruidoso silêncio da União Europeia responde ao reconhecimento por Donald Trump da anexação dos Montes Golã por Israel. Documentos emitidos por instituições europeias sobre a Rússia e a China poderiam ter disso redigidos pelo próprio presidente dos Estados Unidos; "amigos dos americanos" estão no assalto à Comissão Europeia, tentando marginalizar até a linha oficial alemã. A União Europeia manifesta um fascínio por Trump no momento em que ele estabiliza uma equipa que não é mais do que uma cáfila fascista. Um fascínio que é, por sinal, das únicas argamassas conseguindo unir uma entidade em cacos.
A Venezuela "vai entrar num período de sofrimento", profetizou o senador norte-americano Marco Rubio. Pouco depois, num passe de mágica, os venezuelanos foram vítimas do maior apagão de energia de sempre. "Maduro só produz escuridão", escreveu Pompeo, secretário de Estado norte-americano. "A luz só voltará quando terminar a usurpação" de Maduro, assegurou o "presidente interino", Juan Guaidó. Estas pequenas frases explicam o "acidente" dos cortes de energia eléctrica na Venezuela. Um "acontecimento decisivo" recomendado em memorando por um dos treinadores de Guaidó em "mudanças de regime", o sérvio Popovic, pago por Washington.
O reforço da Informação Independente como antídoto para a propaganda global.
Bastam 50 cêntimos, o preço de um café, 1 euro, 5 euros, 10 euros…