O LADO OCULTO - Jornal Digital de Informação Internacional | Director: José Goulão

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A NOVELA DAS MARIONETAS DE TRUMP NA VENEZUELA

De usurpação em usurpação, o homem de mão de Trump na Venezuela, Juan Gaidó, prossegue a sua saga contra as instituições democráticas ao mesmo tempo que vai esfacelando a oposição de direita. Não na sua qualidade de presidente da República “interino” mas na de “presidente” de um parlamento paralelo decidiu nomear um chefe fascista ausente do país para “recuperar” a estação de televisão Telesur, espaço de liberdade de expressão e informação na América Latina. Desconhece-se como se processará o assalto às instalações e fontes de emissão, mas Washington não desiste de agitar Guaidó.

OS SEGREDOS DO TERROR DE WASHINGTON CONTRA O IRAQUE

Um discurso do primeiro ministro do Iraque no Parlamento, que os Estados Unidos tentaram silenciar, revelou que as manifestações das últimas semanas no país e o assassínio do general Soleimani estão interligadas e foram motivadas, em grande parte, pela assinatura de um acordo económico mutuamente vantajoso entre Bagdade e a China. Um acordo que pôs fim à chantagem norte-americana de só aceitar reconstruir infraestruturas no país recebendo metade das receitas do petróleo iraquiano. Trump exigiu ao governo que rescindisse o acordo; o primeiro-ministro rejeitou. A partir daí passou a valer tudo, incluindo assassínios e ameaças de morte, como a seguir se revela.

WASHINGTON INVENTA UM PARLAMENTO PARA GUAIDÓ

O autoproclamado Juan Guaidó foi apeado domingo da presidência da Assembleia Nacional da Venezuela por deputados da oposição, do seu próprio partido e aliados. O cargo serviu-lhe, há um ano, para se catapultar à “presidência interina” do país. Despedido de funções, a justificação de ocupar a presidência do Parlamento para continuar a ser “chefe de Estado” deixou de existir. Então, Washington resolveu o problema: inventou uma Assembleia Nacional paralela na sede de um jornal de oposição e “elegeu” Guaidó o seu presidente. No “quintal das traseiras” vale tudo para impôr “a legalidade”.

ALMAGRO, O RETRATO DE UM CAPATAZ COLONIAL

Luis Almagro não pára. Em funções de secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), isto é, de capataz do poder colonial norte-americano no “quintal das traseiras”, desdobra-se em agrados à administração Trump para conseguir ser reeleito em 2020. Agora tomou como empreitada uma campanha contra a acção dos médicos e serviços de saúde cubanos para salvar vidas em 78 países do mundo. É o seu mais recente ponto de agenda depois de ter montado o golpe fascista na Bolívia enquanto continua a conspirar contra a Venezuela; mas sem se lhe ouvir um reparo perante os comportamentos fascistas dos governos do Chile, Colômbia, Peru, Brasil, Equador. Falhou a conspiração em Dominica, agora uma nódoa no currículo a apresentar a Mike Pompeo, o seu chefe directo no Departamento de Estado norte-americano.

A NATO E A DIGNIDADE NACIONAL PERDIDA

Os exemplos sucedem-se, soltam-se do discurso oficial, passam pela comunicação social sem o menor sobressalto crítico e entranham-se na opinião pública como a mais inócua banalidade. Portugal já não governa os portugueses, o governo português delegou as decisões fulcrais sobre o destino dos portugueses em entidades, interesses e pessoas que não querem saber dos portugueses para nada a não ser como mão-de-obra barata ou membros de destacamentos armados envolvidos em policiamento colonial e guerras imperiais. A dignidade nacional esvaiu-se e chega perversamente a ser confundida com nacionalismo e populismo quando alguém ousa criticar o federalismo e a subserviência aos mecanismos imperiais.

CIMEIRA DAS LAGES, SEGUNDA TEMPORADA

Já é degradante para o prestígio interno e internacional de um país acolher na sua capital uma reunião conspirativa de dois sociopatas mundiais como são o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o secretário de Estado norte-americano da Administração Trump, Michael Pompeo. O facto de o primeiro-ministro, António Costa, receber ambos os fora-de-lei transforma o caso numa situação trágica, porque expõe directamente o país às consequências do previsível agravamento da instabilidade global decorrente destes encontros. Afinal o espírito belicista da Cimeira das Lages – que afundou o Médio Oriente na crise de guerras sucessivas em que se encontra – continua bem vivo nos governantes portugueses. Depois de Barroso, cabe aos socialistas interpretar a segunda temporada.

GOLPE DE WASHINGTON NA BOLÍVIA: AS PROVAS

O general Kaliman, que “sugeriu” a demissão de Morales, vive agora nos Estados Unidos e foi agraciado com um milhão de dólares; a CIA, a Embaixada norte-americana em La Paz e empresas contratadas minaram as redes sociais com vagas de fake news para provocarem a agitação social; dinheiro e armas com origem em Washington choveram em Santa Cruz, o epicentro fascista da conspiração; funcionários da Embaixada compraram votos rurais e coordenaram a acção com colegas do Brasil, Paraguai e Argentina; os conspiradores estiveram em contacto directo com os mesmos senadores dos Estados Unidos envolvidos nos golpes de Guaidó contra a Venezuela. Estes e outros factos, designadamente o papel da OEA, comprovam a condução norte-americana do recente golpe de Estado fascista na Bolívia.

O IMPEACHMENT DE UM REGIME

O mundo está suspenso do impeachment. Parece não se passar nada mais relevante à face da Terra do que saber se o fascista Trump, presidente dos Estados Unidos da América, será substituído pelo fascista Pence até ao começo de 2021, altura em que entrará em funções a nova escolha do establishment que gere o regime norte-americano – sem qualquer dúvida alguém do partido único com duas faces. Para tudo continuar na mesma.

O SILÊNCIO: A PIOR RESPOSTA DO ESTADO PORTUGUÊS

O chefe de Estado e o governo da República portuguesa estão em silêncio perante as atrocidades contra a democracia e os direitos humanos praticadas na Bolívia e no Chile. Em circunstâncias onde o poder neoliberal se vê forçado a mostrar a sua verdadeira face ditatorial para evitar a aplicação plena da democracia, com todas as suas consequências, as principais figuras do Estado português escolhem o silêncio, talvez a maneira mais indigna de se identificarem com a crueldade do sistema – ao mesmo tempo que ignoram a Constituição da República.

GOLPE CONTRA A DEMOCRACIA NA BOLÍVIA

O presidente e o vice-presidente da Bolívia, Evo Morales e Alvaro Garcia Linera, renunciaram aos seus cargos na sequência de um golpe político, policial e militar envolvendo actos de violência e perseguição sobre sectores populares - a culminar um processo terrorista de contestação dos resultados de eleições legítimas, livres e democráticas. Em todo o desenvolvimento do processo, iniciado muito antes do acto eleitoral, estiveram sectores directamente patrocinados pela embaixada dos Estados Unidos em La Paz.

CONTEXTOS DE UM GOLPE ANUNCIADO

Década e meia de gestão presidencial de Evo Morales catapultou o PIB da Bolívia de cinco mil milhões de dólares para mais de 40 mil milhões, isto é, multiplicou-o por oito vezes. A miséria extrema desceu a pique de quase 80% da população para menos de 15 por cento. O crescimento económico anual estabilizou nos quatro por cento. O sistema político colonial transformou-se num Estado plurinacional, as mulheres e os povos indígenas conquistaram as vozes que não tiveram em 500 anos. O regime neoliberal globalista ficou fora de jogo na Bolívia, onde os recursos naturais foram postos ao serviço das populações. Há coisas que o imperialismo e a sua casa mãe, os Estados Unidos da América, não conseguem perdoar no “quintal das traseiras”. Mais cinco anos de espera, pelo menos, não podiam acontecer. Então chegou o golpe.

O DESPERTAR DOS POVOS

A paz podre do neoliberalismo globalizante e o conformismo social que lhe corresponde estão a ser sacudidos através do mundo. Nas urnas e nas ruas – as duas frentes são democraticamente legítimas e complementares – os povos dão sinais de que a sonolência hipnótica induzida pelo entertainment mediático em que se transformou tudo o que tem a ver com a vida das pessoas é uma arma que também se desgasta, desmascara e vai perdendo eficácia. Uma faúlha representada por um aumento de preços, um corte de subsídios sociais, o lançamento de mais um imposto tornaram-se agora susceptíveis de provocar grandes e vibrantes explosões sociais. A arbitrariedade e a impunidade do sistema dominante começam a encontrar barreiras humanas.

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