O LADO OCULTO - Jornal Digital de Informação Internacional | Director: José Goulão

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O QUE ESTÁ EM JOGO NO MAR DO SUL DA CHINA

Quando os porta-aviões norte-americanos Ronald Reagan e Nimitz recentemente se envolveram em "operações" no Mar do Sul da China não deixou de notar-se que a Frota do Pacífico dos Estados Unidos estava a fazer os possíveis para transformar a teoria infantil da armadilha de Tucídides, uma provocação de guerra, numa profecia auto-realizável.

COLONIALISMO EM MARCHA, HOJE COMO ONTEM

Portugal e a Itália estão entre os países subcontratantes do Pentágono no Mediterrâneo e em África. Se bem que o Comando Africano dos Estados Unidos (AfriCom) permaneça ainda na Alemanha, Washington delegou uma parte das missões marítimas e todas as operações terrestres na Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Estónia, Noruega, Holanda, Portugal, Reino Unido, Suécia e República Checa, sob comando da França. A parte norte-americana conserva, bem entendido, o controlo das operações, designadamente por via aérea. Velhos e novos aparelhos coloniais em marcha, travestidos de “missões de paz”, actuam além-fronteiras para servirem interesses estratégicos e económicos. O exemplo de Itália.

O BANDITISMO COMO INSTRUMENTO DA ORDEM INTERNACIONAL

Elon Musk, dono da Tesla, um dos homens mais ricos do mundo, twittou tranquilamente, como quem anuncia que vai jogar ténis, que “daremos o golpe em quem quisermos”. E aconselhou: “lidem com isso”. As palavras foram escritas num contexto relacionado com o golpe fascista na Bolívia, que permitiu a Musk desbloquear o livre acesso às maiores reservas de lítio do mundo, essenciais para a parte gorda dos seus negócios, os acumuladores de energia.

ISRAEL ARRASA INSTALAÇÕES PALESTINIANAS CONTRA A COVID-19

Tropas israelitas arrasaram há uma semana um hospital e um centro de testes acabados de construir por palestinianos em Hebron para combater a COVID-19; em Março tinham feito o mesmo em Khirbet Ibziq, também na Cisjordânia. Tanto as chamadas “democracias liberais” como as “iliberais” da União Europeia guardam um recatado silêncio perante estas atrocidades que enxovalham os direitos humanos em tempos de pandemia. As autoridades sionistas cometeram o crime com requinte: começaram por exigir licenças de construção quando são elas próprias que negam essas autorizações a palestinianos nos territórios ocupados. Israel é, como tantas vezes se repete no “mundo civilizado”, “a única democracia no Médio Oriente”.

EPISÓDIOS NÃO RECOMENDÁVEIS DE UM MEDICAMENTO “RECOMENDADO”

Nestes tempos de pandemia o mundo fervilha de exemplos de como pessoas, entidades, empresas e instituições sem escrúpulos, movendo-se na onda do capitalismo neoliberal, por definição sem limites, tiram proveito da situação. O sector da grande indústria farmacêutica, o Big-Pharma, é um dos mais dinâmicos nessa matéria desumana, impondo leis do máximo lucro contra populações com um máximo de necessidades e um mínimo de meios. Os casos são ainda mais flagrantes nos Estados Unidos, ou não fossem a Meca do capitalismo desenfreado. A história resumida que se segue centra-se nos fabricantes de um medicamento de que muito se fala contra a COVID-19, talvez sem razão para tanto alarido.

A VACINA DA COVID-19 E A PANDEMIA DE MENTIRAS

Cientistas russos e britânicos anunciaram quase simultaneamente, e de maneira separada, importantes avanços no sentido da disponibilização de uma vacina contra a COVID-19. Enquanto as descobertas da Universidade de Oxford parecem inserir-se nas expectativas milionárias dos grandes impérios farmacêuticos transnacionais, a parte russa anunciou, entretanto, que alguns milhões de vacinas serão distribuídas gratuitamente e que os dados científicos serão disponibilizados universalmente para que a descoberta possa ser utilizada como medicamento genérico. Talvez por isso, as habituais corporações mediáticas começaram já a atacar a Rússia por ter supostamente “pirateado” as descobertas de Oxford. Deixamos alguns elementos actualizados sobre a “guerra das vacinas” em nome do rigor histórico e para que cada um perceba o que está em desenvolvimento e com o que pode vir a contar.

PUTIN E XI JINPING REFORÇAM COOPERAÇÃO E COORDENAÇÃO

O acontecimento passou quase despercebido mas fica como um marco nos actuais desenvolvimentos geopolíticos, geoestratégicos e geoeconómicos globais: os presidentes da Rússia e da China Popular realizaram uma “cimeira telefónica” em 8 de Julho na qual aprofundaram as estratégias de colaboração e coordenação, a todos os níveis, entre os dois gigantes. Além de reforçarem a sua aliança tendo como referência o quadro estabelecido pela Carta das Nações Unidas e o multilateralismo, a igualdade entre os povos e os Estados, Vladimir Putin e Xi Jinping não hesitaram em solidarizar-se mutuamente com recentes movimentos políticos nos dois países como o referendo constitucional na Rússia e a entrada em vigor da lei de segurança nacional em Hong Kong.

AFINAL WASHINGTON NÃO RETIRA TROPAS DO AFEGANISTÃO

A guerra no Afeganistão foi oficialmente lançada para vingar os atentados de 11 de Setembro de 2001. No entanto, aconteceu seis meses depois de iniciado o processo de integração asiática através da criação da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), o que leva a crer que tenha sido preparada antecipadamente. Duas décadas depois confirma-se que foi a primeira de uma longa série de guerras para destruir todas as estruturas estatais do Médio Oriente (estratégia Rumsfeld/Cebrowski) e controlar a exploração de recursos naturais. Anunciada para durar apenas duas semanas, a guerra continua há mais de 19 anos. Foi planificada para se prolongar o mais possível; e, hoje em dia, personalidades ligadas ao Pentágono sabotam a retirada parcial acordada entre os Talibã e a administração Trump.

PRÉ-HISTÓRIA DA COVID-19 NOS ESGOTOS DE BARCELONA

Cientistas da Universidade de Barcelona detectaram genomas do novo coronavírus SARS-CoV-2 nos esgotos da cidade no dia 12 de Março de 2019, isto é, nove meses e meio antes da declaração das autoridades chinesas da cidade de Wuhan e praticamente um ano antes de ter sido anunciado, em 25 de Fevereiro de 2020, o primeiro caso de COVID-19 “importado” na capital catalã. Mais uma demonstração de que a narrativa oficial do “vírus de Wuhan” pode ser cómoda para evitar uma investigação profunda das reais origens do fenómeno, conveniente do ponto de vista geopolítico, oportuna para as operações de propaganda em multiplicação mas está longe de caber nas realidades que vão sendo conhecidas.

OS RUSSOS E OS CHINESES VÊM AÍ!...

Os colonialistas saem do sério quando os progressos da descolonização alteram o status quo em que se julgavam eternizados. As alterações nos contextos da Ásia Central – na perspectiva da integração euroasiática – e a nova lei de segurança de Hong Kong, por exemplo, evidenciam os efeitos descolonizadores das estratégias internacionais de potências como a Rússia e a China. Daí que a Europa, depois de olhar por cima para a Ásia como “o Extremo Oriente”, tenha agora dificuldade em aceitar-se como previsível “Extremo Ocidente” da Ásia

O TERRORISTA "BOM", A NATO E O TRÁFICO DE ÓRGÃOS

Hashim Thaci, “presidente” do Kosovo, ia a caminho de Washington encontrar-se com Trump quando, após mais de dez anos de denúncias, chegou finalmente a notícia de que foi indiciado por crimes de guerra, entre os quais assassínios étnicos e tráfico de órgãos internos das vítimas. Deu meia volta e voltou para casa, aguardando o que acontecerá agora ao processo num tribunal especial de Haia. Thaci é há mais de duas décadas um peão fiel da estratégia NATO, dos Estados Unidos e da União Europeia que destruiu a Jugoslávia, amputou e devastou a Sérvia, assassinou dezenas de milhares de civis e voltou a “balcanizar” os Balcãs. Como chefe do Exército de Libertação do Kosovo, organização terrorista “islâmica” que instaurou um Estado mafioso no Kosovo, Hashim Thaci é, por assim dizer, um terrorista “bom”, um gangster do “lado certo”, um atlantista devoto. Com ele será julgada – caso o processo tenha continuidade - toda metodologia da NATO para limpeza étnica, ocupação e “independência” ilegal do Kosovo, incluindo o bombardeamento da Jugoslávia em 1999.

PIRATARIA EM LONDRES COM O OURO DA VENEZUELA

O direito nacional e internacional deixou de contar. O actual espectáculo legal montado no Tribunal de Comércio de Londres sobre as reservas de 30 toneladas de lingotes de ouro venezuelanas guardadas na Grã-Bretanha conduz a esta conclusão. Surpreendentemente, a uma velocidade que ninguém imaginaria, o tribunal presidido pelo juiz Nigel Teare decidiu reconhecer unicamente Juan Guaidó como presidente legítimo da Venezuela. Um acto de moderna pirataria.

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