O LADO OCULTO - Jornal Digital de Informação Internacional | Director: José Goulão

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ACÇÕES CONTRA VACINA RUSSA CHEGAM ÀS REDES SOCIAIS

Os gigantes tecnológicos de Silicon Valley proprietários das redes sociais e cada vez mais os controladores absolutos da internet decidiram suspender a conta Twitter da vacina russa contra a Covid-19, Sputnik V, alegando ter detectado “actividades suspeitas” com origem no Estado norte-americano da Virgínia, que alberga a sede da CIA e de outras agências de espionagem dos Estados Unidos. Embora a conta tenha sido reactivada algum tempo depois, ficou dado mais um sinal de poder dos gigantes privados que se assumem de uma maneira mais evidente a cada dia que passa como os grandes filtros censórios da comunicação social globalizada.

O ANO DAS COBAIAS HUMANAS

É fácil, e óbvio, designar 2020 como o ano do vírus, ou da Covid ou de qualquer outra coisa aparentada. Mas não será correcto. A verdadeira história do SARS-CoV-2 está toda por contar, desde as origens às confusas estatísticas, sejam as relacionadas com as causas de mortes sejam as resultantes de diagnósticos feitos com base em testes que não foram criados para fazer diagnósticos. Terá, portanto, de passar muito tempo até que se percebam todas as vertentes da pandemia de Covid-19 e respectivos efeitos sobre a formatação do mundo em que vivemos. E o mais certo é sermos confrontados com a inevitabilidade das consequências sem jamais nos ser dada a possibilidade de conhecer como na realidade tudo começou e se desenvolveu, desde a deslavada mentira do “vírus de Wuhan” – que já andava por outras partes do mundo antes de ser identificado na China – até à gigantesca campanha de terror global montada paralelamente à declaração de pandemia.

A NOVA ROTA DA SEDA E OS ATAQUES À CHINA

Sete anos depois de lançados pelo presidente Xi Jinping, primeiro em Astana e depois em Jacarta, os projectos chineses das Novas Rotas da Seda ou Iniciativa Cintura e Estrada (ICE) – Belt and Road Iniciative (BRI) – deixam cada vez mais a oligarquia plutocrática norte-americana num transe alucinado.

A ARMADILHA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO

E de repente tudo se tornou sustentável. Dos mais solenes discursos dos poderes à publicidade mais assanhada instando aos mais desenfreado consumismo, a “sustentabilidade” tornou-se um mandamento inapelável; ignorando nós se muitos dos doutrinadores saberão do que estão a falar. Em prol da sustentabilidade faz-se uma mixórdia de conceitos onde cabem a ecologia, o combate às mudanças climáticas, a pegada de carbono e respectiva neutralização, o efeito de estufa, o degelo, as energias renováveis, o desenvolvimento sustentável; num ápice, as coisas que consumimos no dia-a-dia tornaram-se recicláveis, compostáveis, biodegradáveis, obrigatoriamente biológicas. Circula muito e constante ruído para nos obrigar a assimilar coisas de que a generalidade das pessoas não fazem ideia. Ora nada disto é inocente, conjuntural e fortuito.

NATO E UNIÃO EUROPEIA POUPAM O NAZISMO NA ONU

É um assunto de extrema gravidade: com a mais absoluta discrição, os Estados membros da NATO e da União Europeia, o que naturalmente inclui Portugal, abstiveram-se nas Nações Unidas sobre o nazismo; uma vergonhosa confissão, enquanto a própria União Europeia vive dificuldades no seu funcionamento devido às emanações fascistas na Polónia, na Hungria e nos Estados bálticos, tratadas, com muito pudor, como “populistas”, “nacionalistas” ou “iliberais”. Na verdade, desde a Segunda Guerra Mundial, a CIA e depois a NATO reciclaram numerosos criminosos um pouco por todo o mundo, ultimamente nos países bálticos e na Ucrânia. Estes veiculam abertamente uma ideologia racial que, aliás, nunca abandonaram.

O CENTRO DO MUNDO DESLIZA PARA ORIENTE

A China, o Japão, a Coreia do Sul, a Austrália, a Nova Zelândia e os dez países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) assinaram a Parceria Económica Regional Abrangente (RCEP), o maior acordo comercial do mundo, um mercado integrado que envolve 30% da economia mundial e 2200 milhões de pessoas. Trata-se de uma grande plataforma que poderá intersectar-se com várias outras entidades regionais da geoeconomia mas também da geopolítica. A comunicação corporativa praticamente não deu por isso, a não ser para dizer que se trata de mais uma arma da China contra “o Ocidente”. Um “Ocidente” que continua a olhar-se como o centro do mundo – e a comportar-se colonialmente como tal. Enquanto ele, o centro do mundo, continua a deslizar inapelavelmente para Oriente.

VIRAM POR AÍ A DEMOCRACIA?

Que há de comum entre a farsa globalizada das eleições norte-americanas e a banalização da imposição de situações que reduzem a pouco mais que resquícios os direitos cívicos dos cidadãos a pretexto, por exemplo, da saúde pública? Na verdade, tudo. São manifestações comuns de uma maneira cada vez mais excepcional de olhar a sociedade em todo o mundo gerido pela ortodoxia neoliberal, ditada pela crise em que continua a afundar-se a própria ortodoxia neoliberal.

PEQUIM E MOSCOVO NÃO ACERTAM HORAS POR WASHINGTON

Pequim e Moscovo não acertaram as suas horas pela de Washington durante os últimos tempos, como se fez nos subservientes países ocidentais. China e Rússia têm a sua parceria estratégica em funcionamento e seguem caminhos próprios que não estão à espera de “autorização” decorrente da “escolha” norte-americana. Enquanto decorria o duelo de sociopatas nos Estados Unidos, o Comité Central do Partido Comunista da China apreciou o plano quinquenal até 2025, decisivo no caminho do país para a autossuficiência económica ao mais elevado nível tecnológico. E o “pragmatismo” de Moscovo afinou-se em debates como alternativa aos reconhecidos fracassos neoliberais no Ocidente. São opções próprias que estão a traçar outros caminhos não coincidentes com os do decadente império.

NOVO IMPERADOR, VELHO IMPÉRIO

Resultados considerados oficiais dão vitória a Joe Biden nas eleições norte-americanas. No caos reinante em todo o processo eleitoral, e tendo em conta as denúncias de situações fraudulentas, a proclamação é apenas provisória mas, na realidade, é o que menos interessa. Seja qual for o vencedor proclamado ou o que vier a ser empossado em 20 de Janeiro, os Estados Unidos continuarão a portar-se internacionalmente como um país fora de lei enquanto, internamente, lidarão com uma degradação social cada vez mais difícil de disfarçar. Os partidos financiados pelo Big Business fizeram o seu jogo quadrienal, mas em relação a isso há um aspecto que salta aos olhos de todos: a consulta eleitoral sofreu de todos os males que Washington costuma denunciar noutros países e que servem para justificar mudanças de regime, golpes de Estado ou mesmo invasões militares. É a lei do império, mas um império em decadência: atentem nos dois candidatos a imperadores.

UM ASSUSTADOR DUELO DE SOCIOPATAS

É comum ouvir dizer que Donald Trump não aceitará os resultados das eleições norte-americanas de terça-feira no caso de não lhe serem favoráveis. O que frequentemente se omite é que acontece exactamente o mesmo do lado democrata, onde Hillary Clinton apela a retomar a Casa Branca através de qualquer meio e em quaisquer circunstâncias. Intenção poucas vezes recordada porque é “politicamente correcto” ser-se democrata ou porque a vantagem atribuída pelas sondagens vai esfumando esse cenário. Seja como for, não está garantido que as eleições sejam pacíficas, democráticas e conclusivas no país que pretende ser a luz da democracia. Um país onde a escolha dos eleitores - mas com repercussões em todo o mundo – está restringida a dois sociopatas, ambos carregando assassínios além-fronteiras às suas costas. Estas eleições não seriam, portanto, um caso de política mas sim de polícia se o mundo estivesse nas mãos de gente docente. Mas não: os sociopatas é que mandam – um ou outro, escolha o leitor se conseguir ou achar que neste cenário ainda há lugar para o mal menor.

O MUNDO SEGUNDO JOE BIDEN

Donald Trump ou Joe Biden? A escolha que resta aos norte-americanos é esta – dois ramos do mesmo partido único, imperialista e que defende, acima de tudo e custe o que custar, “a liderança dos Estados Unidos”. Trump, o fascismo sem máscara, o racismo, a misoginia, o fundamentalismo religioso sem disfarces, um neoliberalismo adequado ao nacionalismo ultramontano que faz parte da sua essência, o culto dos golpes e da guerra simulando recuos para consumo interno; Biden, o autoritarismo sorridente, o racismo cínico e envernizado, golpes onde for preciso, como o da Ucrânia, guerras a la carte, como a chacina da Líbia; o neoliberalismo globalista e expansionista ancorado num reforço da NATO. Eis a opção que resta aos norte-americanos, com impactos na vida de todos nós. Que venha o diabo e escolha.

BOLÍVIA, ONDE O FASCISMO NÃO PASSOU

O fascismo latino-americano e os seus tutores norte-americanos acabam de sofrer uma contundente derrota na Bolívia, onde o povo teve a força suficiente para vergar o golpe de Estado e construir uma vantagem nas urnas suficiente para frustrar todas as tentativas e manobras internas e externas para minar as eleições e tentar institucionalizar a ditadura. Os pouco mais de dez pontos de vantagem alcançados por Evo Morales na vitória que lhe foi retirada em 2019 transformaram-se agora em 20 pontos e no apoio de mais de metade dos eleitores a Luís Arce, representante do Movimento para o Socialismo (MAS) e ex-ministro da economia. Uma vitória que não deixa margem para dúvidas e torna ainda mais vergonhosos os apoios activos ou silenciosos que foram dados ao golpe fascista por instâncias internacionais, entre elas a União Europeia e os seus governos.

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