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No passado fim-de-semana o yuan, a moeda chinesa, saiu do seu padrão habitual e desvalorizou-se para mais de sete unidades contra um dólar norte-americano. Ao mesmo tempo, a China anunciou que deixa de comprar produtos agrícolas aos Estados Unidos. A estratégia comercial delineada por Trump e pelos neoconservadores norte-americanos implodiu. Passou-se de uma guerra de tarifas comerciais para uma guerra económica mais ampla, na qual serão aplicadas outras tácticas e medidas.
A nova guerra fria começou de vez. Já não se trata de um confronto militar entre os Estados Unidos e a União Soviética, mas entre os Estados Unidos, por um lado, e o bloco Rússia-China, por outro. O abandono, por Washington, do Tratado de Mísseis de Médio Alcance (INF) e o anúncio de próximas conversações a três põe fim aos anos de incerteza que temos vindo a viver. A situação faz regressar a Europa Ocidental e Central ao estatuto da primeira guerra fria: o de um campo de batalha. Com o ámen da União Europeia.
As perspectivas económicas europeias traçadas pela FocusEconomics, uma das empresas líderes de previsões macroeconómicas na Europa, apontam para um ano de 2019 de estagnação. E os horizontes para 2020 não são melhores, além de dependerem de muitos "ses". Se alguma coisa correr mal em termos de Brexit, guerra comercial de Trump contra a China ou ameaças contra o Irão, a recessão será inevitável.
As notáveis acrobacias de um soldado voador durante o desfile militar do 14 de Julho de 2019 em Paris esconde a criação de um comando militar no Espaço. Depois da Rússia, da China e dos Estados Unidos, a França é a quarta potência militar a investir numa área que, em princípio, deveria estar livre de armas nucleares. Mas não por muito tempo.
No próximo dia 2 de Agosto os Estados Unidos vão formalizar a sua retirada do Tratado INF, que proíbe a instalação de mísseis nucleares de médio alcance, entre 500 e 5500 quilómetros. Trata-se de um pró-forma, uma vez que o Pentágono decidiu há pelo menos um ano e meio violar esse tratado e torná-lo inútil.
Em 12 de Julho a Rússia entregou à Turquia o primeiro carregamento de mísseis antiaéreos S-400, de acordo com o Ministério da Defesa de Ancara. Estão previstas mais duas entregas até final do Verão, sendo a última, segundo a mesma fonte, de “mais 120 mísseis antiaéreos de vários tipos” e que viajarão por via marítima. A concretização do negócio entre Moscovo e o país que possui as maiores forças convencionais da NATO, a seguir aos Estados Unidos, tem um potencial desestabilizador para as relações de forças existentes entre as grandes potências mundiais.
A Administração Trump tem vindo a agitar obsessivamente o conceito de “Indo-Pacífico livre e aberto”. Além de um pequeno grupo de académicos, muito poucas pessoas em todo o mundo, especialmente no Hemisfério Sul, sabem o que significa esta incipiente estratégia desde que foi divulgada pela primeira vez no fórum da APEC (Cooperação Económica Ásia-Pacífico) de 2017, no Vietname. Trata-se, no fundo, de uma resposta através da ameaça militar contra os esforços da China e da Rússia pelo desenvolvimento e a integração regional.
Os protestos em Hong Kong, dirigidos e financiados por Washington, tentam apenas adiar o inevitável: o fim do colonialismo ocidental sobre o território e a sua plena integração na nação de que faz parte, a República Popular da China. A questão nada tem a ver com democracia - o governo de Hong Kong está em funções eleito democraticamente - mas sim com poder, influência e, no fundo, um dos objectivos estratégicos imperiais do momento: cercar e conter a China O que é hoje mais difícil do que em 1997, quando o Reino Unido entendeu que a devolução do território era apenas teórica..
Passou quase despercebida, mas a cimeira informal realizada em Osaca entre os presidentes da China, da Índia e da Rússia permitiu um acerto de posições e perspectivou a consolidação a curto prazo de trabalho conjunto que já vem de trás. Exigência para reforço da Organização Mundial de Comércio, modalidades de pagamentos internacionais, incluindo militares, feitas de maneira a contornar o dólar e outras acções internacionais conjugadas são razões de pesadelo para Trump. O RIC tem uma zona de influência que envolve praticamente metade da população mundial e abana o globalismo unilateralista.
Depois de se ter retirado unilateralmente do acordo nuclear com o Irão no ano passado, a Casa Branca anunciou em Abril que o seu objectivo é “levar as exportações iranianas a zero”. Para tentar que isso aconteça, Washington deixou de permitir que países como a Índia, a China, o Japão, a Turquia e a Coreia do Sul importem petróleo iraniano: os Estados Unidos ditam a países soberanos com quem podem negociar.
O reforço da Informação Independente como antídoto para a propaganda global.
Bastam 50 cêntimos, o preço de um café, 1 euro, 5 euros, 10 euros…