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O separatismo na região autónoma chinesa de Xinjiang e a “libertação do povo uigure surgem nos menus ocidentais para “democratizar” a China, mas a realidade nada tem a ver com as intenções proclamadas e a verdadeira situação no território. Além de Xinjiang ter dado o salto do feudalismo para a modernidade em algumas décadas, a região desempenha um papel fulcral nas acções chinesas de internacionalização. Daí que os Estados Unidos e aliados não tenham hesitado em criar e manipular grupos terroristas “uigures” da família da al-Qaida que tanto estão activos internamente como podem ser exportados temporariamente, como aconteceu na guerra contra a Síria.
A Rússia e a China vetaram uma proposta de resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que pretendia estabelecer mecanismos ditos de “ajuda humanitária transfronteiriça” para o interior da Síria. A comunicação mainstream aproveitou a situação para desencadear nova campanha de propaganda de guerra contra Damasco, Moscovo e Pequim. No entanto, se fosse de facto a “ajuda humanitária” que estivesse em causa neste processo aos proponentes bastar-lhes-ia fazê-la passar por Damasco, como estabelecem as normas internacionais. Não quiseram.
A tecnologia de quinta geração de transmissão móvel de dados (5G) começa a entrar nas nossas vidas, mas antes que isso aconteça em pleno os Estados Unidos puseram em andamento o processo da sua militarização através das próprias redes comerciais, por ficar mais em conta. Liderada pela China na sua componente civil, a 5G transita para o domínio da guerra e da espionagem pela mão dos Estados Unidos, apesar do seu reconhecido atraso nesta novidade tecnológica.
Outro ângulo de abordagem da recente Cimeira da NATO: o do negócio. A NATO transformou a matança na normalidade vigente e fez disso o grande negócio que torna monstruosos os lucros do complexo militar e industrial que gere os Estados Unidos e comanda o império. E sendo essa matança “o maior negócio do Ocidente”, como escreve o analista geopolítico Peter Koenig, todos os argumentos são necessários para justificar a existência de uma aliança que, em boa verdade, não tem razões para existir – além de ser antidemocrática. Por isso, os “inimigos” são inventados para que o chorudo negócio da morte não morra.
Sucedem-se as cimeiras climáticas, multiplicam-se as promessas para atingir metas de curto, médio e longo prazo, transformaram-se as questões ambientais em artigos da moda política e mediática e o aquecimento global continua a sua ascensão sem retorno. No centro de toda a novíssima inquietação ecológica estão as elites políticas, governamentais e, sobretudo, empresariais que colocaram o mundo no caminho da catástrofe. Isto é, os que estragam o planeta são os mesmos que cuidam agora de consertá-lo com base em enxurradas de promessas, mas sem mudar de atitudes e comportamentos. Ou seja, a tão propagandeada “economia verde” não passa de uma grande ilusão, melhor dizendo, uma imensa fraude.
Continuamos a publicar opiniões e reflexões sobre a Cimeira da NATO efectuada em Londres. O geopolitólogo italiano Manlio Dinucci reconhece que a reunião manifestou fracturas internas. Porém, em seu entender, essas divisões são secundárias perante os interesses comuns aos mais poderosos entre os aliados, que são reais, profundos e servem de suporte ao regime neoliberal e respectivo complexo militar e industrial implantado nas duas margens do Atlântico.
A NATO pretendeu assinalar o seu 70º aniversário de maneira retumbante em Londres mas o tiro saiu-lhe pela culatra e transfigurou o show numa farsa notável. Começou tudo com pompa e circunstância num jantar de gala oferecido pela rainha dos britânicos no Palácio de Buckingham mas, ao cabo de dois dias, o cenário transformou-se, é certo, nas esperadas promessas de mais desestabilização mundial – incluindo no espaço – mas também em zangas, escárnio, mal dizer e facadas pelas costas. Para consumo público oficial tudo acabou em bem, mas a verdade é que existem feridas abertas e que não são apenas narcísicas.
Nazis ucranianos do Batalhão Azov e do Sector de Direita, dois pilares do actual regime de Kiev apoiado por Washington e Bruxelas, estão em Hong Kong para orientar e participar nos motins e acções terroristas que no Ocidente são conhecidos como “movimento pró-democracia”. Um dos centros de organização dessa colaboração é uma Liga Liberal Democrática em Kiev financiada pela União Europeia
O presidente francês foi “muito, muito, muito desagradável” e “insultuoso” ao afirmar que “a NATO está em morte cerebral”, disse Donald Trump, o presidente que já qualificou a NATO como “obsoleta” e se queixa, a todo o momento, de que os aliados não pagam o que devem. Os festejos do 70º aniversário da aliança guerreira em Londres prometem.
Na recente cimeira Rússia-África, realizada em finais de Outubro em Sochi, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou o cancelamento de 20 mil milhões de dólares de dívidas acumuladas por países africanos. Qual o significado deste gesto, que mesmo em Moscovo foi muito criticado como uma generosidade sem sentido? Uma das explicações é o facto de a Rússia estar atenta à política chinesa no continente africano.
Golpe de Estado na Bolívia, manobras políticas no Chile que contrariam os objectivos das manifestações populares, intriga política imperial na Austrália, guerras comerciais. Trata-se de acontecimentos que, normalmente, são lidos de forma autónoma com base em incidências locais ou regionais. Porém, não podem ser convenientemente interpretados se não forem observados à luz de manobras geopolíticas de carácter global relacionadas com um novo combustível estratégico, capaz de rivalizar em importância com o petróleo: o lítio. Sem ele não se fabricam as baterias para a indústria de veículos eléctricos, em explosão, e dos mais correntes gadets, a começar pelos telemóveis.
O reforço da Informação Independente como antídoto para a propaganda global.
Bastam 50 cêntimos, o preço de um café, 1 euro, 5 euros, 10 euros…