O LADO OCULTO - Jornal Digital de Informação Internacional | Director: José Goulão

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KOWEIT É UMA COLÓNIA NORTE-AMERICANA DE ESPIONAGEM

O Campo norte-americano de Buehring, no Koweit, onde funciona um Centro Cibernético Regional dedicado à Síria

2018-09-28

Edward Barnes, Damasco

Os Estados Unidos transformaram o Koweit numa colónia de espionagem focada principalmente nos movimentos dos efectivos militares russos e iranianos presentes em território da Síria. Os sistemas montados em duas bases militares norte-americanas destinam-se também a coordenar as actividades entre a “coligação internacional” e as “milícias locais” – os grupos de mercenários infiltrados no território sírio.
O funcionamento do aparelho de espionagem no Koweit é articulado pelo Comando Central dos Estados Unidos (CENTCOM), que muito recentemente procedeu a novos recrutamentos de pessoal – mais um indício de que Washington, à cabeça da “coligação internacional”, continua a criar condições para reactivar a agressão contra a Síria. Segundo informações apuradas através da análise dos processos de recrutamento é possível prever que os novos efectivos se venham a ocupar, sobretudo, de espionagem na internet e nas redes sociais, eventualmente no apoio a acções de desestabilização como o falso ataque químico encenado recentemente em Idleb, uma operação desmontada antecipadamente pelas autoridades sírias.
Alguns especialistas contratados estão associados ao apoio às forças especiais dos Estados Unidos, França e Reino Unido presentes ilegalmente na Síria e acompanham o recrutamento de novos espiões e de mercenários para os sectores terroristas.
Duas bases no território do Koweit acolhem os dispositivos de espionagem norte-americanos: Arifjan e Buehring. Na primeira destas estruturas centralizam-se ainda os resultados da espionagem humana desenvolvida no Iraque e na Jordânia, além da Síria.
No Campo de Buehring funciona um Centro Cibernético Regional dedicado ao Iraque e à Síria e uma importante célula de análise de dados obtidos através de intercepção de comunicações digitais e telefónicas. As operações norte-americanas de espionagem a partir do Koweit beneficiam da localização estratégica do país, onde se cruzam cinco grandes cabos submarinos de telecomunicações.

Um pólo estratégico

As estruturas de espionagem montadas nas duas bases norte-americanas estão directamente ligadas à NSA (Agência de Segurança Nacional). As informações recolhidas, centralizadas e tratadas no Koweit são uma parte da actividade das forças especiais do Pentágono destacadas na Síria, mais uma demonstração de que – ao contrário do que chegou a ser insinuado – a Administração Trump vai prosseguir a guerra lançada pelo seu antecessor, Barack Obama, para tentar desmantelar a Síria, a exemplo do que aconteceu no Iraque e na Líbia.
O Koweit transformou-se num pólo estratégico fundamental das guerras norte-americanas e israelitas lançadas para criar um “novo Médio Oriente”. A presença militar norte-americana no território iniciou-se com a guerra para pôr fim à ocupação pelas tropas iraquianas de Saddam Hussein, no início da década de noventa do século passado.
Desde então nunca mais deixaram de existir destacamentos militares do Pentágono no Koweit, incrementados depois com as operações de invasão do Afeganistão e, sobretudo, do Iraque, na sequência dos atentados de 11 de Setembro de 2001.
Até à crise do Koweit, aberta com a invasão iraquiana de 1990, o Pentágono não tinha autorização de qualquer Estado do Golfo para utilizar estruturas militares destes países – embora o tivesse tentado ao longo de décadas.


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